A produção de biocombustíveis, como o etanol, produzido no Brasil a partir da cana de açúcar, não compete com a produção de alimentos e pode ser uma alternativa interessante para muitos países, defendeu o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, durante o lançamento da Plataforma Biofuturo na COP22, a Conferência do Clima, que termina nesta sexta-feira, dia 18, em Marrakech, no Marrocos. Maggi destacou que o Brasil tem a agricultura mais sustentável do planeta.
A plataforma foi lançada por um grupo de 13 países da América do Sul, incluindo o Brasil, da Europa e da Ásia para promover o uso de biocombustíveis. A iniciativa anunciada pelo ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, visa soluções que reduzam o volume de emissões setor de transportes de gases responsáveis pelo aquecimento global.
Biocombustíveis
Os biocombustíveis avançados, preconizados pela Plataforma e que podem reduzir em até 90% a contribuição do setor de transportes para o efeito estufa, foram defendidos pelo ministro da Agricultura. “O que o ministro Sarney e o governo brasileiro propõem é dar sequência ao que o Brasil já vem fazendo. Temos experiência conhecida por fornecer biocombustível para a grande maioria dos automóveis do país”, assinalou Maggi.
O ministro da Agricultura comentou que seria interessante que outros países abrissem suas fronteiras para o etanol, senão como combustível exclusivo, mas na mistura com gasolina. O Brasil, sem dúvida alguma, na questão da energia, é o que mais tem energia renovável no mundo, acrescentou, lembrando que “42% da nossa energia é renovável, sendo 29% produzida na agricultura”.
Em debates, durante a conferência, Maggi contestou questionamentos sobre eventual opção de “deixar de produzir comida para a população para fazer biocombustível”. Ele garantiu que a produção de etanol não é excludente, que faz parte de um ciclo da agropecuária e que pode ser ampliada, “inclusive a partir também de cereais sem afetar o balanço de alimentos”.
O cultivo de milho para a fabricação de etanol, como fazem os Estados Unidos, também pode ser interessante no Brasil, de acordo com o ministro. “Temos que considerar isso, principalmente, na Região Centro-Oeste, que está entre 1.700 Km e 2.000 km de distância do porto. Se fôssemos cultivar milho sem pensar numa alternativa que não seja o consumo animal e o consumo humano, não teríamos onde colocar a produção. Os preços ficariam tão deprimidos que levariam os agricultores à falência, à falta de recursos para continuarem a produzir”.
Produtor consciente
“O Brasil se apresenta nesta COP22 muito mais como uma solução para vários problemas que o mundo enfrenta do que propriamente como um problema a ser resolvido pelo agricultor”, destacou. “Temos, que eu diria sem medo nenhum, a agricultura mais sustentável do mundo. As nossas áreas de produção no Brasil têm que ter, no mínimo, 20% de reserva legal. Todos os córregos e rios são protegidos por legislação. Mas, mais que a legislação, são protegidos pela consciência dos produtores, de que nós devemos preservar a flora e a fauna.”
O ministro salientou que a exigência na Floresta Amazônica, no norte do Brasil, é de manter 80% das propriedades inalteradas. “Manter 80% de uma propriedade sem uso é como você ter um hotel, com 100 apartamentos e só poder comercializar 20 unidades. E as despesas pertencem a você. É um sacrifício muito grande para os produtores brasileiros.”
Maggi assegurou ainda que o Brasil vai colaborar, cada vez mais, para o cumprimento de metas climáticas e serve de exemplo para muitos países em muita s áreas de produção. “Temos uma agricultura de baixo carbono, um programa de governo que apoia essas atividades. Faltam os recursos para acelerar, mas estamos num caminho de fazer isso.”