Puxada pela grande safra brasileira, o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária cresceu 13,4% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao último período de 2016 – o melhor índice do setor em 20 anos. Mas, para o produtor rural, o resultado pode não ser tão bom quanto o divulgado nesta quinta-feira, dia 1º, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O assunto foi discutido durante o seminário Perspectivas para o Agribusiness, em São Paulo.
O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) Lucilio Alves explica que volumes expressivos de grãos – como soja, milho e arroz – estão concentrados no primeiro trimestre do ano, o que puxou os números. “Nós estamos falando de uma produção que também beneficia a indústria e que movimenta a área de serviços. Mas, de maneira nenhuma, isto se refere à renda ou à margem de lucro do produtor agrícola”, diz.
O mercado vive um momento de preço e demanda em queda. E a expectativa para o desempenho do setor em 2017 é positiva, mas sem muita euforia. Para especialistas, a cotação do dólar é o que pode interferir nos preços das commodities agrícolas neste ano. A soma de fatores internos e externos leva a uma tendência de alta para a moeda norte-americana.
O economista Alexandre Schwartsman acredita que as pressões até o final do ano são para cima, mas isso dependeria de assuntos de difícil previsão. “Esse governo se mantém? No caso de manutenção do atual governo, o dólar tende a ser mais para cima, porque que vai ter muita dificuldade em aprovar reformas”.
Para a pecuária, o saldo do primeiro trimestre não é tão positivo quanto para os demais segmentos do agronegócio. De acordo com o diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, o resultado prático para o pecuarista é que o preço da arroba caiu fortemente. “Caiu no mercado físico, caiu no mercado futuro, o que acaba prejudicando até as intenções de confinamento ao longo deste ano”, diz.
O governo promete ajudar alguns segmentos em dificuldade, como tem feito com o milho, promovendo leilões. Mas o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, alerta que é melhor não esperar por esse auxílio. “São mais de R$ 800 milhões que vão direto na veia do produtor. Agora é importante ficar atento. Na hora que der uma oscilada, Chicago subir o preço e o dólar estiver compatível, oferecendo uma renda mínima, o produtor deve ao menos travar os seus custos”, afirma.