O consumo de agroquímicos caiu quase 40% nas lavouras do Distrito Federal entre 2012 e 2015. O manejo integrado de pragas e o aumento da produção orgânica estão entre os fatores que ajudam produtores na região a usar menos produtos químicos e, ainda assim, manter a produtividade.
Com o real mais desvalorizado e o dólar em alta, os agroquímicos ficaram mais caros nos últimos anos e esse foi um dos motivos que causaram a queda na aplicação deste tipo de produto. Mas o que aconteceu no DF se repete em outros estados. A Bahia investiu 35% menos no uso de defensivos em 2015 e em Minas Gerais a redução foi de 30%.
No Distrito Federal, a Emater tem trabalhado para convencer produtores na redução de produtos químicos, conforme explicou a extensionista Clarissa Ferreira. “O impacto econômico que a compra desses defensivos têm na vida do produtor estimula que ele diminua ou até tire esse gasto com defensivo, visando ter um lucro melhor com a lavoura. Ele tem se conscientizado em diminuir o uso e adotaroutras práticas, como rotação de cultura e uso de barreira quebra-vento. Existem alguns agricultores mais resistentes, que não acreditam nesse uso de práticas, diminuindo defensivos ou eliminando, mas a maioria deles se conscientizam”, disse.
O secretário de agricultura do Distrito Federal, José Guilherme Leal, afirma que há outros fatores que contribuem para a redução. “Nós tivemos uma redução da área plantada de grãos. Isso tem um impacto direto, mas tem o vazio sanitário da soja, o vazio sanitário do feijão, que tem um impacto na redução do uso de agrotóxicos, ajudando no controle da mosca branca”, afirmou.
Uma das razões para a redução do uso de agrotóxicos é o aumento da produção de orgânicos. Segundo o governo, o número de agricultores que trocaram o sistema convencional mais do que dobrou de 2012 até agora. Passando de 86 para 200 produtores em todo o DF.
É o caso da agricultora familiar Lúcia Rodrigues, que há quatro anos planta hortaliças orgânicas e deixou de lado a adubação química. “De quatro anos pra cá ninguém usou mais nada. Difícil, porque no início achamos que é tudo mais devagar porque tem que passar por uma transformação. Mas eu não me vejo nunca mais voltando pro convencional”, conta.