Com ou sem asfalto, a região norte de Mato Grosso do Sul tem sofrido com a situação das estradas estaduais. São centenas de quilômetros, ligando os principais eixos do agronegócio na região, que estão com extrema dificuldade de escoamento na produção. Além disso, os constantes acidentes tem tornado as vias perigosas, atrapalhando a vida de quem precisa passar por ali, não só para produzir, mas também para se deslocar.
Para se ter uma ideia, a promessa de melhoria do asfaltamento da estrada estadual MS-436, nunca saiu do papel e os produtores da região que liga Camapuã à Figueirão seguem enfrentando buracos e trechos intransitáveis por toda estrada.
“São muitos buracos na pista o que impede o tráfego de uma maneira geral, para nós que passamos quase que diariamente pela estrada, como para os ônibus e caminhões que levam a produção e trazem os insumos para as fazendas. É uma situação complicada, pois se não tomarmos cuidado o risco de acidente é grande”, diz indignado o produtor rural Antônio Silvério.
Os produtores rurais locais, representados pela União dos Sindicatos Rurais da Região Norte de MS – entidade que reúne treze dos sindicatos rurais da região com intuito de fortalecer as demandas da região – já entregaram ofício junto a governadoria e até o momento pouco foi feito. Segundo relato do presidente do Sindicato de Camapuã e também presidente da união desses sindicatos, Saturnino Pereira, o próprio governador passou pela estrada no final de setembro do ano passado e prometeu fazer as reformas necessárias.
“Dois acidentes gravíssimos já ocorreram nesse trecho da MS-436, fora a questão dos caminhões que tem dificuldade e precisam parar em alguns trechos para trafegar. Nossa região é grande produtora de gado de corte e precisa escoar essa produção com frequência. São cerca de 100 km de asfalto e o que temos hoje como promessa é que apenas 8 km serão reformados, o que significa pouco dentro de nossa necessidade”, diz Saturnino.
Situação parecida foi relatada na MS-306, que liga o município de Costa Rica (já quase na divisa com Mato Grosso) a Chapadão do Sul e Cassilândia, também está com asfalto precário. Os 200 km da rodovia estadual estão lotados de buracos e a promessa do governo do estado era de uma possível privatização, para que melhorassem as condições de tráfego e diminuíssem os constantes acidentes, mas até o momento nada foi feito.
“Tivemos uma promessa no encontro com o governador em setembro do ano passado, em Figueirão, de que os buracos seriam permanentemente recuperados, até vimos o serviço começar agora em março, mas já parou e tá uma peneira. O que não pode é deixar como está, uma estrada tão importante para o estado, onde o motorista corre sério risco de vida”, diz o presidente do Sindicato Rural de Chapadão do Sul, Lauri Dalbosco.
Estradas de terra
Pior que estas duas estradas é a condição da MS-142, com cerca de 100 km, que liga Camapuã ao município de Jauru, passando por São Gabriel do Oeste e Coxim. Por lá, mais de mil produtores sofrem com a falta de asfalto e de condições mínimas necessárias de tráfego na estrada.
“Não tem cascalhamento correto, a principal ponte que fica a 40 km de Camapuã caiu, o que impede a passagem de ônibus escolares. Fora as pontes menores que estão prestes a ruir. Pagamos o Fundersul em dia e é isso que recebemos em troca, descaso total”, reclama o produtor rural da região, Breno Miranda.
Informações dos sindicatos locais dizem que uma empresa de engenharia está fazendo as reformas da ponte e o cascalhamento da estrada, mas com uma regularidade muita aquém da esperada pelos produtores. “Faz 1 ano e 4 meses que essa ponte caiu, mas só há 8 meses que começaram a mexer e até agora nada de finalizar. Enquanto isso mal chega insumo nas propriedades e o produtor não tem condições de pensar em melhoria de produção ou investir em tecnologia”, conta o produtor.
Produtores se unem
Os mais de mil produtores da região norte do estado estão promovendo um abaixo-assinado, com apoio do Sindicato Rural da Região Norte, que deve ser entregue ao secretário de obras do estado.
“Queremos somente o que nos é de direito. Sabemos que o Estado possui muitas estradas em situação precária, portanto isso deve ser visto como prioridade pelo governo, pois sem estrada não conseguimos produzir e a economia para”, diz Miranda.
Para o presidente do Sindicato da Região Norte do MS, Saturnino Pereira, as estradas são apenas a ponta do iceberg quando o assunto é logística. “Não são só essas três, temos reclamações de praticamente todos os municípios, ou de falta de asfalto ou de problemas com o asfalto, pois são condições mínimas que precisamos para o escoamento da produção e de transporte no campo, se não tivermos o que é o mais simples, imagina questões maiores. Por isso temos que questionar e exigir melhorias”.