A indústria de cacau precisa se adaptar a mudanças climáticas para evitar consequências desastrosas na produção global, disseram especialistas do setor e cientistas, durante um fórum da Associação Europeia de Cacau, nesta quinta, dia 15.
“Este é um dos principais desafios que temos de enfrentar” no setor, disse Joseph Larrose, chefe de Originação Sustentável da processadora francesa de cacau Touton.
Até 2030, o aumento das temperaturas e padrões imprevisíveis de chuvas vão tornar algumas áreas da África Ocidental – que é responsável por 70% do cacau consumido no mundo – impróprias para a produção, disse Christian Bunn, do Centro Internacional para Agricultura Tropical.
Para grãos e para o cacau, “a mensagem é a mesma: produtores precisam se adaptar e o setor precisa se adaptar”, disse Michael Zerr, da Cargill.
Para tornar as lavouras de cacau mais resistentes, o setor precisa se concentrar no longo prazo em diversidade genética, o que vai permitir às plantas suportar e se adaptar a mudanças no clima, disse Brigitte Laliberté, da Biodiversity International. Segundo ela, a diversidade genética na África Ocidental é pequena. No curto prazo, melhores práticas agrícolas podem ajudar a elevar a produtividade, mas no longo prazo é preciso haver mais pesquisa e financiamento para o desenvolvimento de variedades mais resistentes, disse.
Nesta temporada, o fenômeno El Niño resultou em altas temperaturas, pouca chuva e ventos sazonais particularmente fortes na África Ocidental. Por isso, o setor espera um déficit global significativo no ciclo atual, que termina este mês. Para a Organização Internacional do Cacau, a demanda deve superar a produção em 212 mil toneladas.
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