Depois de um período ruim, a produção de cogumelos está em alta no mercado e, com as mudanças nos sistemas de produção, muitos produtores de São Paulo conseguiram aumentar os lucros em 40%. Os números abriram as portas para a criação da primeira Câmara Setorial de fungicultura do país, que tem como um dos principais objetivos tornar este mercado mais competitivo e assim aumentar, ainda mais, o consumo do cogumelo brasileiro.
Para o produtor rural Edison de Souza, que produz e comercializa cerca de sete toneladas de cogumelo por mês, a realidade nem sempre foi assim. A crise no setor quase fez com que ele parasse a produção em 2012, ano em que o cogumelo em conserva da China entrou no mercado brasileiro a preços bem inferiores aos praticados aqui. “Os meus clientes de semente diminuíram muito o pedido, abaixando para 1,5 tonelada”, lembra.
Para enfrentar a concorrência, o fungicultor apostou na comercialização e cultivo do shimeji branco, que hoje representa cerca de 70% das vendas.
Aumento do consumo
Para difundir ainda mais o consumo dos cogumelos in natura, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) tem realizado um trabalho de orientação junto aos fungicultores, o que resultou um aumento de até 40% na produtividade. “A grande virada foi deixar de produzir o cogumelo cozido, que dá um ‘baita’ de um trabalho, pra produzir o cogumelo fresco, com um trabalho mais simples e menos oneroso para o produtor, além de fornecer um produtor muito melhor”, disse Daniel Gomes, pesquisador da Apta.
O pesquisador ainda destaca que este mercado é muito maior do que se imagina, já que o primeiro censo de produção de cogumelos comestíveis e medicinais mostra que, só no estado de São Paulo, existem 505 fungicultores, com produção de mais de mil toneladas por mês e receita de R$ 21 milhões. “Quem prova cogumelo fresco, acaba virando consumidor e isso está fazendo com o aumento de mercado para o produto”, disse Gomes.
De acordo com o economista Ubaldo Filho, da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a tendência é de que o mercado continue crescendo para o produto. “Em relação aos anos anteriores, está subindo em média de 10%. A variedade Paris está diminuindo um pouco, mas shitake e shimeji apresentam aumento de 30% a 35%”, avaliou.