O agronegócio brasileiro emprega hoje 19 milhões de pessoas, segundo estudo feito pelo Centro de Estudos de Economia Agrícola (Cepea/Esalq), de Piracicaba (SP). O número representa cerca de 20% de todos os empregos do país. Mas, quanto será que o setor paga a seus empregados em cada uma das áreas de atuação, indústria, comércio, insumos e no campo? E o empregador, tem lucro?
Para os diversos trabalhadores do agronegócio (empregados e outros), o rendimento médio mensal habitual em 2015 foi de R$ 1.499. Se comparado ao salário médio dos trabalhadores do país, o pessoal do campo ganha 13,8% a menos, já que na média o valor nacional está em torno de R$ 1.739. “Esse rendimento é inferior à média nacional e é devido à baixa remuneração que predomina na atividade agropecuária. Exceto a agropecuária todos os setores têm um padrão de rendimento mais ou menos parecido”, diz o coordenador científico do Cepea e responsável pelo estudo, Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros.
A média geral, entretanto, pode ser algo distante da realidade, para baixo ou para cima. Algumas áreas do agronegócio chegam a pagar 34% a mais que a média brasileira, como acontece na área de insumos, que inclui fertilizantes, defensivos, rações, produtos veterinários e máquinas e equipamentos agrícolas. Segundo o estudo do Cepea, o rendimento médio mensal habitual desse segmento é de R$ 2.331. “Este segmento paga melhor porque dentro do agronegócio é o que utiliza mão-de-obra mais especializada, sendo 16% com curso superior e 62% com carteira assinada”, garante Camargo Barros.
Também acima da média brasileira se encontram os empregados da área de serviços, que têm ganho médio de R$ 2.019 por mês. Logo na sequencia, aparecem os trabalhadores da indústria agrícola e pecuária, com rendimentos de R$ 1.663 e R$ 1.397, respectivamente.
Já o setor primário, ou seja, quem trabalha no campo, na lida diária das lavouras e que deveria ganhar mais, devido à dificuldade dos serviços prestados, ganha bem abaixo da média. O setor primário na pecuária paga em média R$ 998 mensais, enquanto na agricultura o rendimento médio não ultrapassa R$ 891 por mês.
O estudo também levantou quanto ganha o empregador da agropecuária brasileira. Segundo o Cepea, o valor é 4,5% menor que a média nacional, mas 222% maior que o empregado do próprio setor. O empregador tem um rendimento médio de R$ 4.828, enquanto a média nacional é de R$ 5.057.
Dentre os setores da agropecuária, assim como os trabalhadores, a área dos insumos é a que remunera melhor, com algo em torno de R$ 7.630 na média mensal. A área de serviços gera um rendimento médio de R$ 5.100 por mês a quem emprega.
Enquanto o setor primário aparece como os mais baixos rendimentos médios no caso do trabalhador, no caso do empregador, o rendimento supera o das indústrias. Na pecuária, o empregador consegue receber em média R$ 4.827 por mês e, na agricultura, R$ 4.434. Na indústria, a área de pecuária gera rendimento médio mensal de R$ 4.243, enquanto na agrícola o valor é de R$ 3.868.
O estudo também destacou quanto ganharia um trabalhador autônomo: média de R$ 1.085, sendo que a área de serviços é a que remunera melhor, algo em torno de R$ 1.814 na média mensal.