A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) projetou aumento de 20,3% na área plantada com a fibra no Brasil em 2017/2018, para 1,125 milhão de hectares. Em julho, quando foi divulgada a primeira estimativa, a Abrapa previa aumento de área de 17%. A produtividade média foi estimada em 1.615 quilos por hectare. A Abrapa prevê produção de 1,817 milhão de toneladas de algodão no País em 2017/2018. Se confirmado, esse número representaria aumento de 11,3% ante a safra anterior. Os números foram apresentados na quarta-feira, dia 27, na reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, realizada na sede do Ministério da Agricultura.
Segundo nota divulgada pela Abrapa, o aumento da área plantada é resultado de um retorno à normalidade do clima em estados que vinham de vários anos de seca e também o aquecimento do mercado, cujos preços, atualmente, estão em torno de R$ 2,41/libra-peso (R$ 5,35/kg) no mercado interno e US$ 0,69/libra-peso (U$S 1,50/Kg) para exportação. “Mas essas condições ideais de clima, que resultaram em uma safra de excelente qualidade e produtividade em 2016/2017, não são uma certeza para 2017/2018”, disse o presidente Abrapa, Arlindo de Azevedo Moura, que também preside a Câmara. “O aumento no plantio atende a uma demanda maior.”
Gargalos
Na reunião da Câmara, foi discutido ainda o problema da disponibilidade de caminhões e contêineres, que tem atrapalhado os embarques. Conforme a nota, um atraso no início da colheita da safra 2016/2017, a boa performance nas lavouras de algodão – em um contexto de aumento de produção de soja e milho no Brasil – e a maior concorrência por caminhões e menor oferta de contêineres para escoamento e embarque da commodity têm comprometido o cumprimento dos prazos de entrega dos produtos tanto interna quanto externamente. O gargalo ocasionou a sobreposição da demanda no período de pico da safra, o que preocupa a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).
“Os contratos de exportação que não foram performados em julho tiveram de ser rolados para agosto, competindo com os compromissos naturais do período”, disse o presidente da Anea, Henrique Snitcovski, conforme a nota. Além do problema de cronograma, a situação se complicou com a redução das rotas de navio e a diminuição da disponibilidade de contêineres, em função da queda nas importações. “Tudo isso junto, na mesma cesta, acarreta um problema no momento de auge da sazonalidade das nossas exportações, que ocorre, principalmente, durante os meses de setembro, outubro e novembro”, apontou. Segundo o representante dos exportadores, a Anea está trabalhando em conjunto com as demais entidades do setor para tentar reduzir os impactos. O assunto está sendo avaliado também na Câmara de Logística do Mapa.