O Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) lançou na Expointer, feira agropecuária realizada em Esteio (RS), um programa que pode aumentar a produtividade da lavoura em até uma tonelada por hectare. É o Projeto 10+, que tem como objetivo reduzir os custos da cultura, diante de um cenário em que os produtores estão endividados e sem capital para manter investimentos.
O programa, basicamente, reúne manejos já preconizados pelo Irga. No passado, a adoção das medidas teria feito o rendimento do estado passar de mais de 5 mil quilos por hectare para 7 mil quilos. “Aumentando a produtividade em 20%, o produtor vai ter uma relação de custo por saco menor”, diz o presidente da entidade, Guinter Frantz.
O rizicultor Ademar Kochenborger ilustra bem esse momento vivido pelo setor. O valor de sua dívida vem crescendo desde 2006 e já ultrapassa R$ 1 milhão. Assim, ele não tem condições de aumentar a área de plantio nesta safra, mantendo os mesmos 600 hectares da anterior.
Kochenborger afirma que, no último ciclo, gastou R$ 76 para produzir uma saca de arroz – que foi vendida por aproximadamente R$ 40. E as condições não sofreram alterações. Ele afirma que, agora, vai escolher os melhores talhões para produzir o grão e adotar a pecuária em outros, assim como plantar soja na área de várzea.
Já o também produtor Rafael Linhares, de Uruguaiana (RS), afirma ter tido um custo de produção bem menor, de R$ 43 por saca. Ele descobriu que o investimento em gestão de pessoas ajuda a evitar gastos desnecessários, principalmente no plantio.
Linhares afirma que cuidados como a aplicação de correta de adubo ajudam a conter os custos. “São pequenas coisas que vão se somando e onerando o bolso do produtor”, diz.
Para enfrentar o endividamento, o diretor da consultoria SIM Brasil, Pedro Roberto Blos Sobrinho, sugere que os produtores de arroz façam uma boa gestão da propriedade. Uma dica é realizar a compra antecipada de insumos.
“Talvez ele também possa fazer isso em parceria com outros produtores, aumentando a quantidade de compra de insumos e, assim, reduzindo os custos”, afirma.