O setor de produção de café do Brasil, representado pelo Conselho Nacional do Café (CNC) e pela Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mostra-se reticente com a possibilidade de importação de café verde em regime de drawback – voltado ao beneficiamento e posterior exportação – e com os impactos que a operação poderá ocasionar aos produtores brasileiros.
“Nosso intuito, nesse cenário de debates, é evitar medidas surpreendentes e tomadas à revelia do consenso do setor privado”, informa o presidente executivo CNC, Silas Brasileiro, em boletim semanal.
Os produtores reconhecem, no entanto, a falta pontual de café conilon (robusta) para o setor industrial, por causa da seca que se prolongou no Espírito Santo por mais de dois anos, reduzindo a produção capixaba. Os representantes do Espírito Santo se comprometeram a desenvolver uma proposta às lideranças da produção, “para que analisemos suas considerações e sugestões e possamos nos posicionar oficialmente”, diz Brasileiro.
O CNC ponderou que tem feito contatos com o governo, demonstrando preocupação com a possibilidade de perda de competitividade da indústria brasileira e, consequentemente, de market share no segmento industrial mundial. “Reiteramos, porém, que não seremos favoráveis a decisões unilaterais e adotadas à revelia do consenso da cadeia produtiva”, reforça o CNC.
Com relação ao segmento industrial de torrefação e moagem, o CNC sugere a ideia de alteração do blend, ampliando o porcentual de arábica na mistura. Em relação ao solúvel, que utiliza 80% de robusta na composição de seus produtos e cuja substituição pelo arábica é inviável em virtude do baixo rendimento dessa variedade na extração de sólidos solúveis e carboidratos, “concordamos em ouvir os argumentos e proposições para, após debatermos com nossos associados, adotarmos uma postura”, conclui o CNC.