A presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth Farina, admitiu nesta segunda, dia 24, a possibilidade de retaliação de outros países caso o governo federal fixe em 17% o imposto de importação do etanol, hoje zerado.
A decisão pode ser tomada na reunião de terça, dia 25, da Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Segundo Elizabeth Farina, no entanto, a medida é necessária para frear a disparada na importação de etanol norte-americano para o Brasil, de 388% no primeiro semestre sobre igual período de 2016.
“Preocupação com retaliação existe, mas nosso setor está sofrendo. Neste ano já importamos mais etanol que no ano passado inteiro e não há uma demanda explosiva de consumo para tanto combustível no nosso mercado interno”, afirmou a executiva ao Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Segundo ela, a medida brasileira se assemelha à da China, que aumentou de 5% para 30% a tarifa, e da União Europeia (UE), que aplicou tarifas antidumping ao etanol norte-americano.
Indagada sobre o motivo de o setor produtivo brasileiro não prever esse aumento no fluxo de etanol em dezembro 2011, quando comemorou a decisão do livre comércio com os Estados Unidos, a presidente da Unica disse que as condições de mercado agora “são completamente diferentes” e “o que acontecia em 2011 não acontece em 2017”.
Ela ratificou que o Brasil, caso adote a tarifa de 17% para o etanol, não fecharia o mercado para produto importado e a decisão seria transitória, ou seja, passível de revisão a cada ano. “No ano que vem, se descobrirmos que estávamos errados, que mudaram as condições de mercado, poderemos voltar”, concluiu.