O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no estado de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha, avaliou nesta terça, dia 23, que a safra de cana no Nordeste, iniciada este mês, será marcada pela retomada do setor após três anos de colheitas prejudicadas pelo clima, mesmo com um crescimento tímido de 8% no processamento.
“Estamos iniciando uma retomada, ainda longe dos patamares de produção normais, de até 63 milhões de toneladas de cana. Não serão as 49 milhões de toneladas da safra passada, mas um crescimento tímido para 53 milhões de toneladas”, disse Cunha na abertura da Fenasucro, em Sertãozinho (SP).
O destino da matéria-prima na região será em torno de 48% para açúcar e o restante para etanol. O Nordeste é grande exportador de açúcar, com a venda de até 80% produção para o mercado externo, principalmente para atender cotas preferenciais da commodity aos Estados Unidos e União Europeia (UE).
“É um momento onde há perspectiva de melhoria no consumo e na produção e acreditamos que em dois anos teremos crescimento satisfatório para o setor fazer face ao que veio represado nos últimos três anos, principalmente no preço do etanol defasado”, afirmou Cunha.
Usinas
Apesar do cenário positivo para o açúcar e o etanol, os novos investimentos no setor sucroenergético brasileiro só virão com a criação de regras claras para o combustível e ainda com a definição de políticas fiscais federal e estadual, na avaliação do presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari.
“Os investimentos só voltarão quando ficar clara a definição da regra de competitividade entre etanol e gasolina e ainda qual será a regra seguida pela Petrobras para o preço da gasolina na refinaria. Não existe ainda uma clareza da política fiscal, federal e estadual”, disse Nastari. “Enquanto essa política não ficar conhecida e definida de forma transparente, não haverá segurança para a retomada de investimentos.”
Segundo Nastari, até que essas regras não sejam definidas, os investimentos para o setor serão destinados para o aumento da capacidade de moagem e para a produção de açúcar, etanol anidro e ainda mecanização nas lavouras. Para o presidente da Datagro, o aumento da produção de açúcar será utilizado, desde que haja a oferta de matéria-prima, para que o Brasil tente suprir o déficit mundial a commodity, que ultrapassará 15 milhões de toneladas entre 2015 e 2017.
“Esse é o maior nível de déficit acumulado em dois anos na história e faz com que o fluxo de comércio fique mais apertado e os preços mais firmes. No Brasil, a ampliação da capacidade industrial de açúcar, dependendo da disponibilidade de matéria-prima, pode ser utilizada para aumento de produção e atendimento do déficit”, afirmou.