Os drones, as aeronaves não tripuladas, têm sido cada vez mais usados como alternativa eficiente no mapeamento de áreas agropecuárias, na identificação de doenças e outros problemas no campo. Tudo para evitar perdas e trazer ganhos ao produtor. A expectativa é que até o ano que vem saiam todas as regras para a utilização desse equipamento.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) utiliza a tecnologia desde 1998. Lúcio André de Castro Jorge é um dos pesquisadores que coordena uma equipe que aprimorou o uso do drone na agricultura do interior de São Paulo.
– Nós temos sido exemplo para vários outros países. Claro que tem países como Espanha, Estados Unidos e Austrália que se destacam, mas o Brasil não deixa a desejar, não. A agricultura começou muito na área de cana de açúcar, monitoramento de usinas no interior de São Paulo, depois na área de reflorestamento no Espírito Santo, no Sul, e agora se estendeu na área de grãos e em várias áreas. 70% dos produtores brasileiros são de pequenas propriedades e vão se beneficiar e muito com os drones – diz.
O geógrafo George Longhitano estuda a aplicação do drone na agricultura há cinco anos. Ele é dono de uma empresa que vende equipamentos e oferece diferentes serviços de mapeamento de áreas agrícolas. Com um tablet nas mãos, ele explica como as aeronaves recebem o comando de mapeamento do piloto.
– O voo, ele é feito de uma forma autônoma. Então é feito primeiro um planejamento da missão em um software instalado nele em que você delimita a área que você vai fazer o sobrevoo desenhando na tela. Daí ele gera o plano de voo, que são essas linhas brancas de uma forma autônoma. Essa emissão é mandada através de um equipamento sem fio e esse equipamento vai seguir o plano de missão de uma forma automática – afirma.
As fotos captadas em um sobrevoo são enviadas para um software que transforma os registros em imagens nítidas e precisas da área. Ferramenta preciosa que tem ajudado os produtores a evitar grandes perdas e até melhorar a produtividade de uma safra.
– Ele [drone] vai auxiliar o produtor a identificar problemas na lavoura, como pragas, doenças que estão afetando a lavoura. Se tem alguma problema de estresse hídrico, falhas nas linhas de plantio, então ele consegue, por meio da imagem, identificar, localizar isso e agir com a aplicação de um defensivo agrícola, ou então fazendo o replantio. Isso é feito de uma forma muito automatizada e vai dar ganhos de produção para o agricultor – diz Longhitano.
Um drone para mapeamento agrícola pode custar de R$ 15 mil a R$ 50 mil. A utilização pode ser feita por empresas especializadas, que cobram em média R$ 15 mil para mapear uma área de mil hectares.
Na Droneshow, feira que acontece essa semana em São Paulo, as novidades serão apresentadas a profissionais e apaixonados pela tecnologia.
– Nós observamos que o mercado, a cadeia produtiva, a comunidade, estava carente de um ponto de encontro. Aqui nós procuramos reunir quem fabrica, quem importa e quem presta serviço nessa área, com as pessoas que trabalham já há algum tempo, com as pessoas que querem entrar na área – afirma o diretor do evento, Emerson Granemann.
Durante a feira, a regulamentação do uso do equipamento no Brasil foi esclarecida por um representante da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Roberto Honorato prevê que, até 2016, todas as regras para o uso seguro do equipamento devem estar estabelecidas.