Na série de reportagens apresentadas pelo Rural Notícias, o museu de uma das culturas mais antigas do Brasil ganha destaque no interior de São Paulo e mostra a importância cultural e econômica do agro para o desenvolvimento do Brasil. A história da cana-de-açúcar e seus derivados passam por um engenho construído no início do século passado, onde são guardadas as máquinas da primeira usina paulista.
Construída em 1906 pelo barão do café, Francisco Schmidt, o objetivo principal era produzir e exportar o açúcar para os europeus. “O barão tinha 62 fazendas de café aqui na região de Pontal e, prevendo que um dia a cultura poderia entrar em crise, ele se aproveitou de um incentivo do governo que oferecia isenção fiscal para quem desejasse investir em outra cultura. A partir disso, ele parte para a cana-de-açúcar”, disse a gestora do museu, Leila Heck.
A antiga chaminé, com mais de 50 metros de altura, orienta os visitantes até a chegada ao museu. No velho galpão, um conjunto de peças e moendas desgastadas pelo tempo e uma linha de produção com mais de cem anos de existência ainda intacta mostra como era feito o processamento da cana. As caldeiras e os motores movidos a vapor já estão desativados, mas ganham vida no imaginário dos visitantes.
“Os edifícios têm uma linguagem arquitetônica inglesa, toda a linha de produção que está intacta até hoje veio de várias regiões da Europa, principalmente da Escócia, da Alemanha e da França, onde foram produzidas no final do século 19, entre 1878 e 1886”, disse Leila.
Durante mais de 50 anos, o engenho foi o principal produtor de açúcar da região. Em 1961, a fazenda foi vendida para uma família que passou a produzir cachaça até a metade da década de 1980.
Toda a produção feita na propriedade era transportada por trem que passava bem na porta do engenho. Os colaboradores carregavam os vagões que levavam a mercadoria até o porto de Santos, em uma safra que produzia aproximadamente 60 milhões de litros de cachaça.
Em 1985, o engenho foi desativado, mas a estrutura foi mantida para preservar o patrimônio e a história do local. No ano de 2005, foi criado o Instituto Cultura Engenho Central, que mantém o museu até hoje.
“Fiz uma doação de 15 hectares e decidi criar uma entidade de utilidade pública. O objetivo sempre foi transformar isso em um museu para contar toda a história, não só do estado de São Paulo, mas de todo o Brasil. Aqui nós temos equipamentos que eram utilizados também nos engenhos da Bahia e Pernambuco”, falou Luiz Biagi, presidente do Instituto Cultura Engenho Central.
No prédio ao lado está a oficina do engenho, um local importante para o processo produtivo, já que naquela época a manutenção dos equipamentos era feita na própria usina. “O Brasil não tinha metalurgia, então era preciso fazer a manutenção ou importar, o que demandava muito tempo. Parece que o local parou no tempo, pois nós temos até uma peça que estava sendo produzida e nós não sabemos exatamente o que é, pode ser um balaustre ou o pé de uma mesa, nós não sabemos, pois ficou do jeito que estava”, disse Leila.
Futuro
Para Biagi, o futuro do cinema está ligado com a capacitação de jovens do agronegócio. “Nós queremos colocar aqui um Senar, uma Fatec e escolas voltadas para o agronegócio, para desenvolver operadores de máquinas do agro. Esse é o objetivo em longo prazo.”