Há 17 anos, Daniel Domingues de Moraes trabalha na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), em Tatuí, como classificador de grãos. A profissão é mais uma das diversas carreiras oferecidas no agronegócio para quem busca uma oportunidade no mercado de trabalho.
Para poder trabalhar nesta área, é necessário ser formado como técnico agrícola ou engenheiro agrônomo. Além disso, o profissional precisa ter estudado em um curso credenciado e regulamentado no Ministério da Agricultura para ser um classificador oficial. A duração é de aproximadamente cinco dias, depois disso o profissional escolhe com que tipo de grão quer trabalhar.
Segundo Moraes, o investimento não é baixo. Há custos com passagens e hospedagem. Dependendo da região onde o curso será feito, pode ficar em média R$ 800,00. Já a faixa salarial da categoria gira em torno de R$ 2.500.
O classificador destaca que, além da formação, também é preciso ter olhar treinado e olfato apurado. “Se foi atacado por um inseto, mofo, bolor ou mal armazenado, ele apresenta cheiro característico, dá para identificar. E visualmente se ele está com inseto vivo ou com algum problema que venha influenciar, posteriormente você descreve na classificação a quantidade desse problema e o que ele apresenta”, conta.
A análise é feita em laboratório e necessita de equipamentos específicos para cada tipo de grão. O mais utilizado é a peneira, que tem um jeito certo de manusear. “A gente utiliza pra colocar o produto e a quantidade de no mínimo 125 gramas, dependendo do produto, e faz movimentos circulares por 30 segundos. Esse é o padrão! Se fizer o movimento por menos tempo, passará menos produto. Por muito mais tempo também não há necessidade porque já passou a quantidade necessária”, explica Moraes.
Só na Ceagesp são analisados, por dia, pelo menos 55 amostras. Todos os produtores dos caminhões que entram e saem são classificados. “Para nós que armazenamos há necessidade de ter conhecimento da realidade do produto, e a gente tem que levar em consideração que o processo de armazenagem não é por um período determinado. Você pode deixar um produto por um longo tempo armazenado, e para fazer isso mantendo todas as características inerentes ao produto, tem que ter as condições ideais, por exemplo, de umidade”, diz.
Para análise são coletados aproximadamente quatro quilos do produto. A amostra é dividida em quatro partes. De uma delas são retiradas 250 gramas e é esse volume que recebe a classificação que varia de acordo com o tipo de produto. Com isso, além de impurezas, é possível verificar se o grão está apto para armazenagem e consumo. Um laudo é emitido e as informações ficam disponíveis no rótulo das amostras.
Como toda profissão, o classificador de grãos também tem seus problemas. O maior deles está em clientes que não concordam com o resultado da avaliação. “Quando o cliente e o produtor vêm até a gente questionando e querendo maior esclarecimento sobre aquela determinada classificação, temos a amostra guardada. Classificamos na presença do proprietário ou dono da mercadoria e, até hoje, nunca houve necessidade da gente recorrer a uma instância superior”, afirma o coordenador da área de classificação de grãos da Ceagesp de Tatuí, Roberto Nakashima.