Com a redução da taxa Selic anunciada esta semana, os juros do crédito rural passaram a ser menos competitivos em comparação com as taxas de mercado e o setor já começa a pensar em como manter o subsídio de crédito para o agronegócio no próximo plano safra.
A Selic passou para 7% ao ano, o que consiste no menor patamar desde 1986. Mas a pergunta que fica é como isso mexe com a economia e com o crédito para o agronegócio? De acordo com o economista Roberto Troster, poucas linhas possuem uma grande influência da taxa. “O crédito é pouco influenciado pela Selic, pois o pequeno produtor geralmente depende de cheque especial, rotativo do cartão, onde as taxas médias são até 50 vezes maiores do que a taxa selic. Então, outras variáveis como a tributação, os compulsórios, a inadimplência é que acabam determinando esta taxa”, disse.
Quando foi lançado o plano safra empresarial 2017/2018, a taxa básica de juros era de 10,25% ao ano e as taxas de crédito rural estipuladas pelo governo na época foram de 8,5% ao ano para custeio, 7,5% ao ano para investimento e 6,5% ao ano para armazenagem e inovação tecnológica. A diferença entre Selic e crédito rural variava entre 1,75 pontos percentuais a 3,75 pontos percentuais.
Atualmente, esta vantagem do crédito agropecuário em relação a taxa básica de juros deixou de existir em boa parte das operações e, segundo o diretor da Associação Brasileira do Agronegócio, Luiz Cornacchioni, boa parte dos recursos já foi captada pelos produtores rurais. Ele diz ainda que o setor já esperava pelo redução da Selic e, a partir de agora, começam as articulações para o plano safra 2018/2019.
“As feiras de máquinas e equipamentos começam em março. Então, é bom ter uma sinalização de juros, porque isso se reflete no que vai ter de expectativa de vendas. É necessário pelo menos um sinalizador de que patamar que estamos trabalhando”, disse. Cornacchioni.
Para Troster, quando diminui a diferença entre a taxa básica de juros e linhas do crédito rural, o chamado spread, reduz também o volume do subsídio que o governo paga aos bancos para que o recurso chegue mais barato ao produtor. O que é bom para as contas públicas. “Tem um custo e é pago pode todos nós. Quanto mais impostos, mais subsídio você tem e menos recurso tem para investir, consumir ou poupar”, concluiu.