A área de soja no Rio Grande do Sul vai ter o menor crescimento dos últimos cinco anos nesta próxima safra. O motivo é a supervalorização do milho nos mercados interno e externo, que fez a rentabilidade aumentar sobre a soja. Os produtores já estão preparando o plantio e alguns devem começar a semear no fim deste mês.
Um exemplo é a lavoura de Betânia Longaray Fonseca, onde a máquina já começou a preparar a terra para receber as sementes. O investimento na soja vai ser maior esse ano, a produtora vai aumentar a área em 10%, chegando a 500 hectares. O esperado é colher 65 sacas por hectare, quase 20 a mais que no último ciclo. “Nosso maior investimento esse ano é em agricultura de precisão e também em correção de solo, logicamente adaptado à agricultura de precisão e consequentemente fertilidade. Pra gente conseguir ter um retorno da falta de lucro que nós tivemos na safra passada”, indica ela.
A maioria dos produtores também deve plantar mais no estado, a estimativa da Consultoria Safras & Mercado é que a área aumente em 1%, chegando a quase cinco milhões e meio de hectares, ainda assim é o menor avanço dos últimos cinco anos.
“Devido à retomada no preço do milho, que a gente viu uma alta nesse último ano, tanto por questões internas, quanto questões externas, que fizeram a saca do milho voltar a patamares interessantes. Então, produtor voltou a dar uma atenção ao milho, viu uma rentabilidade interessante no milho, que ele vinha vendo na soja nas últimas safras”, explica o analista Luiz Gutierrez, da consultoria.
Para esta safra, produtores do Sul tem uma preocupação que, pode se dizer, é a maior de todas. Se o fenômeno La Niña for confirmado, além de prejuízo, ele pode trazer aumento no custo de produção. Gutierrez diz que o clima pode obrigar o replantio, ou o tratamento da lavoura frente a uma possível seca.
“A gente resolveu lidar da seguinte forma: escolher datas de plantio em outubro, iniciando de 20 a 25 de outubro a planta soja e também cultivares com diferentes ciclos, minimizando assim qualquer perda que possa ocorrer por falta de chuva”, explica Betânia.
A produtora já comprou parte dos insumos e percebeu que o custo de produção continua alto. Por isso, esse ano vai tentar enxugar o gasto por saca, que no ano passado ficou em R$ 70.
“A gente tem um problema sério com a valorização do diesel, que é exorbitante, e também um problema sério de mão de obra, um custo que a gente sabe que em todo o Brasil é altíssimo, nós do campo sofremos com isso”, reclama ela.