O Rio Grande do Sul deve manter mesma área para o plantio da safra de trigo neste ano, segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro-RS). A perspectiva está alinhada com o levantamento de março da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que estimou uma igualdade na área em 699,2 mil hectares, o mesmo número de 2017.
Segundo o presidente da entidade Paulo Pires, apesar do descontentamento do produtor em relação à cultura, ele tem a consciência clara de que é necessária a manutenção de uma cultura de inverno para produzir grãos. “O produtor, no nosso entender, e alinhado com o que consultamos das áreas técnicas das cooperativas, quer um trigo produtivo, que não tenha muita exigência em termos de diversidade da qualidade que os moinhos têm exigido no momento da comercialização”, observa.
Pires ressalta que, além da manutenção de área, há uma perspectiva de melhoria nos preços, que vem sendo um dos principais problemas que o setor enfrentou nas duas últimas safras, especialmente em 2016, quando os triticultores experimentaram uma safra normal, sem quebra e com a qualidade exigida, mas a valorização não veio. “Esperamos que neste período os custos não subam muito e que sejam compatíveis com as perspectivas de renda da atividade”, salienta.
Outra perspectiva apontada pelo presidente da FecoAgro/RS é que o projeto em conjunto com a Embrapa Trigo que objetiva criar alternativas de plantio para a cultura comece a dar resultados junto ao produtor. Pires reforça, no entanto, que ainda há muito espaço para o trigo pão.
“Temos produtores que em regiões mais próximas de moinhos tradicionais vão plantar o trigo pão. Inclusive este é um dos objetivos do projeto, o de fomentar o trigo para exportação ajudando melhorar os preços de quem optou pelo trigo pão. Se enxugarmos um volume de um milhão de toneladas de trigo em um ano de safra normal e, dentro da relação de oferta e demanda, tirar este excedente do mercado, valorizamos o trigo pão também”, explica.
Na última Expodireto Cotrijal, durante o Fórum do Trigo foram apresentados os resultados do segundo ano da pesquisa de alternativas para o cereal. O projeto foi desenvolvido em campos experimentais da Coopatrigo, em São Luiz Gonzaga, da Cotricampo, em Campo Novo, da Cotrirosa, de Santa Rosa, e da Cotripal, de Panambi, além de uma área da Embrapa em Coxilha. A variação da redução de custos verificada no estudo ficou entre 8,98% e 24,3%. No primeiro ano, a redução máxima foi de 18,7%.