O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, fez críticas a empresas multinacionais que produzem etanol no Brasil. Ao ser questionado sobre a que setores se referia quando afirmou que os subsídios governamentais atraem ineficiência, ele citou o etanol. “Na questão do etanol, as empresas que vieram para esse setor confundiram o processo produtivo agrícola com o industrial”, afirmou.
Para ter lucro, disse ele, é preciso que sejam produzidas perto de 100 toneladas (de cana-de-açúcar) por hectare, mas essas empresas produzem, ainda de acordo com o ministro, cerca de 60 toneladas por hectare. “Se subsidiar, vai continuar assim”, disse.
Maggi ressalvou não ser contra os subsídios em momentos de dificuldade. “Em determinados momentos, o Estado socorre. Mas, daí para frente, meu filho, você está sozinho.” O ministro disse não saber se o governo irá ou não prorrogar a isenção de PIS-Cofins para o setor, e afirmou que isso não é subsídio. “Eu sei que faço parte de um governo que precisa arrecadar, então não sei”, disse.
Milho
O ministro da Agricultura atribuiu a um “desequilíbrio entre oferta e demanda” os altos preços do milho no mercado interno. Segundo ele, a tendência é de que o mercado “inverter” e os produtores, que estão segurando a oferta do cereal para obter melhor remuneração, “lá na frente terão renda menor”.
Para o ministro, o leilão de estoques de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), realizado nesta semana com o objetivo de garantir suprimento a criadores de aves e suínos, mostrou que produtores do cereal estão estocando o produto com o intuito de aproveitar a cotação elevada. No leilão desta terça-feira foi registrada demanda para 47,6% das 50 mil toneladas ofertadas em Mato Grosso, ou 23,8 mil toneladas.
Terras a estrangeiros
O governo ainda não tem uma posição fechada sobre a venda de terras a estrangeiros, disse Blairo Maggi. Ele, porém, disse ter uma posição sobre o assunto e que não é contra a ideia. Na sua opinião, deve haver restrição à venda de terras para culturas anuais, como grãos, para que o abastecimento não seja prejudicado conforme as oscilações de mercado. “Se o mercado estiver ruim, pode simplesmente não ter produção”, ressaltou. Já para culturas perenes, como manejo de floresta, café e outros, ele avalia não haver problema.