Falta de chuva e calor elevam risco de perdas nas lavouras de São Paulo

Segundo a Faesp, áreas do Estado estão sem chuvas há 40 diasA Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) realizou deslocamentos para várias regiões do Estado, na semana passada, para uma avaliação dos danos provocados pelo atípico tempo quente e seco. Segundo o presidente da federação, Fábio Meirelles, existem áreas do Estado que estão sem chuvas há 40 dias e as temperaturas estão elevadas, muito acima das médias históricas.

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Essa combinação de fatores tem contribuído para uma maior evapotranspiração, diminuindo a disponibilidade hídrica no solo e agravando o problema da estiagem. O estresse hídrico é muito severo.

– Em certas regiões, algumas atividades já registram perda de até mais de 50% nas lavouras e, se não chover nos próximos dias, o prejuízo poderá ser total – comenta Meirelles.

No oeste de São Paulo, em Araçatuba, por exemplo, produtores de milho estão oferecendo suas áreas para produção de silagem, a fim de minimizar as perdas, pois já não acreditam em produção satisfatória de grãos.

– Animais têm sido vendidos e/ou transferidos para outras áreas, pois as fontes de água secaram – diz.

Meirelles criticou a falta de um eficiente seguro rural: “é inacreditável que no Brasil, um país de clima tropical e, portanto, sujeito às intempéries, não exista ainda um seguro rural amplo e efetivo capaz de assegurar renda aos empreendedores rurais”.

Segundo a Faesp, as perdas tendem a ser elevadas, não inferiores a 35% nas culturas de milho e soja. O calor elevado provoca aborto das flores e menor formação de vagens na soja. Em estágios mais avançados, a seca tem impedido o adequado enchimento dos grãos. No caso do milho, em certas regiões, as perdas já são de 50% e, se não chover nos próximos dias, podem ser totais.

No caso da cana-de-açúcar, os prejuízos são mais difíceis de serem quantificados. A seca, no entanto, traz impacto para os canaviais novos, que serão cortados no fim da safra 2014/2015. Nas áreas com plantios novos, a umidade do solo é mais crítica, por causa da menor cobertura.

O tempo adverso também atrapalha a produção de laranja, pois os frutos têm seu desenvolvimento comprometido. As laranjas tardias da safra 2013/2014 estão murchas, enquanto as da próxima safra merecem adequada avaliação.

A baixa umidade e as altas temperaturas na fase de granação do café resultam na má formação de grãos, que ficam irregulares.

– Estimativas mais precisas poderão indicar o volume das perdas, mas em termos de qualidade os prejuízos já podem ser considerados expressivos – informa Meirelles.

As pastagens estão secas. Além da perda de peso do gado, outro problema é matar a sede do rebanho, pois muitos açudes, lagoas e córregos secaram.

A meteorologia estima que o clima quente e seco deve persistir nos próximos 10 dias. A previsão é de redução das temperaturas médias a partir de 20 de fevereiro e retorno regular das chuvas em março.

– Sem perspectiva de chuva, o clima de desânimo é crescente entre os produtores – conclui Meirelles. 

Agência Estado