Com efeitos de problemas climáticos da safra anterior, falta de investimento e continuidade do aumento na demanda pelo açúcar, a consultoria INTL FCStone estima que o déficit global deve voltar a aumentar na safra 2016/2017 (que se inicia em outubro deste ano) para 9,7 milhões de toneladas.
O número é resultado de um aumento de 1,7% em relação à safra 2015/2016. A produção total, estimada em 176,44 milhões de toneladas, não conseguiu compensar uma elevação também na demanda, de 1,8% (em relação à safra 2015/2016), alcançando 186,13 milhões de toneladas.
“Este aumento [na demanda] é resultado do crescimento esperado para as economias dos principais consumidores de açúcar, principalmente nos mercados emergentes, onde a urbanização e industrialização têm efeito considerável sobre o consumo do adoçante”, explica o analista de mercado da INTL FCStone João Paulo Botelho. Apesar da desaceleração na economia chinesa ter diminuído ligeiramente o ritmo de crescimento global, não há expectativa de grandes solavancos nos países que vem puxando o consumo de açúcar ao longo dos últimos anos.
A estimativa anterior da consultoria (para o saldo global 2016/2017) apontava um déficit menos expressivo, em 7,8 milhões de toneladas. Desde que esta estimativa preliminar foi divulgada até agora, a perspectiva para a produção de alguns grandes players foi reduzida e, pelo menos em parte, isso ainda se deve aos efeitos do El Niño.
Este fenômeno, que teve uma de suas ocorrências mais intensas da história entre abril do ano passado e junho deste ano, causou seca na entressafra de alguns países produtores e condições adversas para a colheita na safra de outros. Acrescida ao clima desfavorável, a falta de novos investimentos em expansão da capacidade produtiva nos principais produtores ao longo dos últimos anos manteve a produção estacionada no patamar de 173 a 184 milhões de toneladas, desde a safra 2011/2012.
Destaca-se ainda que os estoques do adoçante nesta safra devem cair 13,5%, para 61,9 milhões de toneladas, o menor volume desde 2011/2012 e 23,4% abaixo da máxima de 2014/2015. Desta forma, a relação estoques-uso deve ser reduzida para 33,3%, igualando a mínima da série histórica de 2010/11, quando o preço médio na bolsa de Nova Iorque foi de US¢28,15/lb.