O prejuízo a produtores brasileiros com a quebra de produção em lavouras de soja e milho em 2015/2016 foi da ordem de R$ 16 bilhões, de acordo com Ivan Wedekin, consultor e comentarista do Canal Rural. Wedekin participou de uma palestra no encerramento do 6º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, promovido pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), em São Paulo (SP).
“No curto prazo, precisaremos lidar com os produtores alavancados que enfrentam problemas causados por dívidas, câmbio e excesso de investimento”.
O consultor chamou a atenção para o fato de que as duas principais fontes de recursos do crédito rural, a poupança rural e os recursos obrigatórios vinculados a depósitos à vista em bancos, vêm sofrendo com quedas de arrecadação decorrentes da desaceleração da economia. Juntas, as duas fontes foram responsáveis por pouco mais de 70% dos recursos destinados pelo governo federal ao crédito rural em 2015.
De acordo com Wedekin, entre dezembro do ano passado e julho deste ano, o volume captado por meio de depósitos à vista caiu de R$ 148 bilhões para R$ 130 bilhões (-12%). Já o montante proveniente da poupança rural recuou, ainda que de forma menos acentuada (-1,1%), de R$ 147 bilhões em dezembro de 2015 para R$ 146 bilhões no último mês de julho.
Ainda assim, o Brasil é um dos países cujos produtores convivem com a menor relação entre a receita bruta e recursos oficiais, indicou o consultor. Enquanto na Noruega 62% da receita bruta dos produtores é proveniente do governo, no Brasil apenas 2,6% da receita vem do Tesouro Nacional, de acordo com Wedekin.
Ele chamou a atenção também para a ainda baixa participação dos recursos emprestados por bancos a juros livres no montante de crédito rural, R$ 10,3 bilhões de um total de R$ 156,8 bilhões previstos em julho. O valor, contudo, é maior que os R$ 6,9 bilhões apurados há um ano. “Temos que buscar novas fontes de recursos e soluções de mercado são necessárias”, apontou o consultor.
Em 2015, as cinco culturas que mais tomaram recursos de custeio foram soja, milho, café, cana-de-açúcar e arroz, nesta ordem, de acordo com dados apresentados por Wedekin. Já os estados que mais tomaram crédito de custeio no ano passado foram Paraná (R$ 14,4 bilhões), Rio Grande do Sul (R$ 9,6 bi), São Paulo (R$ 9,3 bi), Minas Gerais (R$ 7,7 bi) e Mato Grosso (R$ 5,5 bi).