A missão ministerial que embarca nesta terça, dia 30, para a Ásia, liderada pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, pretende impulsionar as vendas de carne suína e de frango naquela região.
Atualmente, determinados importadores, como o Japão, concentram suas compras de carne suína em Santa Catarina, exatamente por ser o único estado do país com status de livre de febre aftosa sem vacinação. Mesmo sem registro de casos de febre aftosa em suínos no Brasil há mais de 20 anos, o status de “zona livre com vacinação” influencia a abertura de mercados.
Na Coreia do Sul, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) terá um workshop de promoção da carne suína brasileira. Aves e ovos também estarão na pauta do evento. O ministro Blairo Maggi está confirmado para a ação, segundo Ricardo Santin, vice-presidente de mercados da ABPA. “Hoje, a Coreia do Sul importa nossa carne de frango, mas ainda está fechada para a carne suína, faltando poucos pontos para que a abertura ocorra”, disse.
Em julho, uma comitiva do governo de Santa Catarina esteve na Coreia do Sul e, à época, o país asiático deu aval positivo para a compra de carne suína do estado. Em nota, o governo catarinense afirmou que o diretor Bong-Kyun Park, da Agência coreana de Quarentena Animal e Vegetal (Qia), órgão de controle sanitário do país, disse que faltavam apenas questões administrativas a serem tratadas entre os Ministérios da Agricultura da Coreia do Sul e do Brasil, as quais poderão ser resolvidas nesta missão.
O Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne) projeta que o estado possa vender pelo menos 30 mil toneladas por ano de carne suína para a Coreia do Sul, assim que o comércio for liberado.
Na Tailândia, a ABPA também participa de uma série de reuniões com as autoridades locais, para a abertura do mercado à carne suína. Os exportadores brasileiros, no entanto, mostram-se céticos com relação à venda de carne de frango para os tailandeses. “A Tailândia já é grande exportadora de aves, o que reduz as chances de tornar viável a abertura deste segmento para o Brasil”, acrescentou Santin.
Frango
O vice-presidente de Mercados da ABPA considera que a “nossa maior chance de sucesso na viagem está na China, algo que, se ocorrer, será em um momento bastante interessante para ambos os setores (frango e suíno)”. Desde janeiro, a China superou o Japão e se mantém como segundo maior importador de carne de frango brasileiro.
A Índia também está no radar da ABPA, “um gigantesco mercado em crescimento, com a segunda maior população do mundo e um consumo per capita de apenas 2 quilos por ano”. Em 2015, o consumo per capita de carne de frango no Brasil atingiu índice médio de 43,25 quilos, segundo a ABPA.
“Infelizmente, se trata de um mercado altamente protegido, que está aberto tecnicamente para a carne de frango do Brasil, mas que impõe tarifas superiores a 100% – o que tornam inviáveis os negócios”, afirmou o representante da ABPA.
Analistas apontam que a visita, para avicultura, deverá ser mais uma atividade de manutenção das relações. “Em todo o mundo, não existem praticamente mercados relevantes a serem conquistados, pois a carne de frango brasileira está praticamente presente em todos”, diz o diretor Técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz.
No fim de semana passado, em Esteio (RS), Maggi disse que espera trazer pelo menos um acordo comercial de cada país que visitará na Ásia. Segundo o Ministério da Agricultura, entre os temas a serem negociados estão a ampliação ou abertura do acesso a mercados para carnes (bovina, suína e de aves), habitação de plantas frigoríficas, liberação do comércio de farinhas de aves e bois vivos, além de acordos nos setores de açúcar, algodão, borracha, etanol, frutas, milho, madeiras, lácteos, farinhas, soja, material genético avícola e cooperação técnica e científica com a Embrapa.