A notícia sobre o afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência da República repercutiu entre entidades do agronegócio nesta quarta-feira, dia 31, durante a realização da Expointer, em Esteio (RS). Apesar de já ser uma notícia bastante esperada, ela veio com a certeza da consolidação de um governo que pode aplicar as mudanças que o setor pede.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, a entidade irá acompanhar de perto as movimentações no Palácio do Planalto, mas defende maior união no Brasil. “Não estamos em busca de raivosidade. Queremos é que o Brasil volte à normalidade, que volte ao crescimento e o setor está preparado para desempenhar sua posição”, disse.
A Farsul, por meio de uma decisão colegiada, apoiou oficialmente o processo de impeachment. “Nós apoiamos após um debate maduro e responsável, que resultou em uma decisão colegiada”, completou.
Simers
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier, o resultado desta quarta no Senado já era esperado. “Consolida-se o fato de que o Brasil terá um novo governante e tudo fica mais animado. A confiança volta”, afirmou.
Segundo Bier, já foi possível perceber a mudança na confiança dos clientes ainda durante o processo de afastamento de Dilma. “Comecei a feira achando que ia vender igual ao ano passado, mas já quero vender um pouquinho mais.”
No momento em que a notícia do impeachment foi divulgada, Bier, que estava em um evento, afirma ter ouvido de um dos presentes que iria começar a produzir muito mais com o governo efetivo de Michel Temer. “Assim que saiu o resultado, um grande comerciante de aço me disse que, a partir de amanhã, vai começar a construir um novo galpão e começar tudo de novo”, falou.
Carlos Bier disse que irá até Brasília logo após a Expointer para representar o setor e fazer as reivindicações que estavam paradas, aguardando a decisão do Congresso sobre o governo interino.
Fetaeg-RS
Já para o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetaeg-RS), Carlos Joel da Silva, o fim do imbróglio do impeachment aumenta a expectativa sobre a volta do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
“Nós esperamos que o governo, agora efetivo, estabeleça um bom diálogo com a nossa classe. Precisamos que ele possa trazer de volta o MDA. É a nossa reivindicação mais urgente, pois a agricultura familiar merece um ministério exclusivo”, disse.
O presidente da Fetaeg disse ainda que, a partir de agora, espera mais tranquilidade para trabalhar. “É questão de sentar e conversar com calma, pois o agro está aqui para ajudar no crescimento do país. O governo anterior estava desgastado e, para sair da crise, a primeira coisa que precisamos é a união, e não estávamos tendo isso”, disse.
Lideranças nacionais
Em outras regiões do país, lideranças do setor produtivo também se manifestaram sobre o afastamento de Dilma Rousseff. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), uma das primeiras entidades do agronegócio brasileiro a apoiar o impeachment, comemorou o desfecho do processo. Mas o presidente da entidade, Endrigo Dalcin, afirmou que cobrará do novo governo ações efetivas para o fortalecimento do setor.
“Precisamos de investimento em armazéns, novas linhas de crédito para apoiar os produtores nesse crescimento, pois pensamos que a agricultura pode dar grande contribuição ao país”, afirmou Dalcin.
Em nota, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) disse estar satisfeita com a decisão e declarou que o Brasil recuperou a esperança de superar a crise. Também afirmou que deseja que o novo governo corresponda à expectativa da nação.
O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira, disse ter recebido a notícia do resultado da votação com otimismo. Mas lembrou que o governo de Michel Temer terá desafios pela frente, como o ajuste fiscal.
“O que o agronegócio busca, tanto os produtores quanto as empresas, é uma clareza nas políticas de longo prazo, porque isso traz segurança jurídica, que vai trazer investimentos e os investimentos vão trazer maior crescimento e melhor qualidade nos negócios”, disse.