Cumprindo tradição iniciada pelo diplomata brasileiro Osvaldo Aranha em 1947, o presidente Michel Temer abriu, na manhã desta terça, dia 20, o pronunciamento dos Chefes de Estado e de governo que estão em Nova York para a 71ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
No discurso, Temer fez críticas diretas ao protecionismo de diversos países no setor agrícola. Segundo ele, esse tipo de prática, em alguns casos disfarçada de “medidas sanitárias e fitossanitárias”, tem prejudicado a geração de empregos e o desenvolvimento de países que, como o Brasil, representam “fator de segurança alimentar” para o mundo.
Temer disse que o desenvolvimento dos países depende do comércio e que, em cenários de crise econômica, o “reflexo protecionista” é mais percebido e, portanto, deve ser contido.
De acordo com o presidente, a “luta contra esse mal” passa por um sistema multilateral mais bem-sucedido, em especial contra o protecionismo praticado no setor agrícola de diversos países, sob o disfarce de medidas sanitárias e fitossanitárias. “O protecionismo é uma perversa barreira ao desenvolvimento. Subtrai postos de trabalho e faz de homens, mulheres e famílias de todo o mundo – Brasil inclusive – vítimas do desemprego e da desesperança.”
“De particular importância para o desenvolvimento é o fim do protecionismo agrícola. Já não podemos adiar o resgate do passivo da OMC [Organização Mundial do Comércio] em agricultura. É urgente impedir que medidas sanitárias e fitossanitárias continuem a ser utilizadas para fins protecionistas. É urgente disciplinar subsídios e outras políticas distorcivas de apoio doméstico no setor agrícola”, acrescentou Temer.
Segundo o presidente, o Brasil representa, interna e externamente, um “fator de segurança alimentar”, uma vez que desenvolve uma agricultura “moderna, diversificada e competitiva”.
Antes, Temer participou de um encontro com o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama é o segundo orador, logo após Temer, na sessão que também falarão os líderes franceses, François Hollande, argentino, Mauricio Macri, e da Itália, Matteo Renzi.
Negócios
Nesta segunda, dia 19, durante reunião bilateral, Temer ouviu do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que contará com sua ajuda para divulgar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), lançado pelo governo brasileiro na semana passada, aos demais países europeus.
Já com o uruguaio Tabaré Vázquez, o presidente brasileiro discutiu a necessidade da eliminação de barreiras internas do Mercosul.
Após o discurso, ainda na manhã desta terça, Temer se encontrará com o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski. À tarde, ele deve se reunir com Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial.
Após assumir definitivamente a Presidência da República no último dia 31 de agosto, esta será a primeira participação do presidente em um evento da ONU.