A produção de alimentos orgânicos na França cresce até 15% ao ano e o país é líder europeu na troca da agricultura tradicional para o cultivo sem produtos químicos. Na Feira de Aligre, uma das mais conhecidas de Paris, o funcionamento é de terça a domingo e, nos dias de maior movimento, a circulação pode chegar a mais de 50 mil pessoas.
Segundo o feirante Kamel Bakkari, o consumo de produtos orgânicos tem crescido por causa da consciência dos consumidores. “Tem cada vez mais pessoas que compram produtos orgânicos. São pessoas que estão ficando mais conscientes das questões de saúde e preferem comprar produtos saudáveis e sem produtos químicos”, analisou.
De acordo com o delegado-geral da Federação Nacional de Agricultura Orgânica, Julien Adda, essa procura elevada provocou também o crescimento no número de produtores. “Na França, o mercado de orgânicos aumenta de 10% a 15% por ano. O crescimento do número de produtores é de 20% por ano e a tendência é a mesma na Europa”, disse.
A França tem 30 mil produtores de alimentos orgânicos, que produzem em um milhão de hectares, gerando receita de mais de 5 bilhões de Euros por ano. Geralmente, eles são pequenos produtores que recebem, no total, um subsídio de 160 milhões de Euros anuais. “Como a agricultura convencional recebe subsídios, é normal que a gente também receba, sobretudo porque nós prestamos um serviço para a sociedade. Este subsídio, na verdade, é uma remuneração pelo fato de a agricultura orgânica despoluir a água, fertilizar o solo, purificar o ar e oferecer alimento saudável. Então, ela precisa ser recompensada por este serviço prestado”, completou Adda.
Pequenos produtores
Além da agricultura orgânica, a França também se destaca por valorizar os pequenos produtores rurais. A equipe do Canal Rural visitou uma fazenda no interior do país onde são criadas 6 mil aves e 2,5 mil suínos. Para aumentar a renda, na entrada da propriedade tem uma loja que vende o que é produzido no local, mas esta não é a única estratégia para garantir um bom faturamento.
O proprietário também fornece produtos para as escolas da região de Franche Comté e conta que os filhos comem a carne que ele produz. Isso acontece graças à plataforma Agrilocal que foi criada pelo governo francês. O sistema funciona via internet, com um site que une as escolas aos produtores, facilitando o comércio.
Segundo a representante do governo local, Fabienne Louvet, as escolas divulgam o que precisam para a merenda e os produtores as ofertas de preço, quantidade e quando podem entregar a mercadoria. “Nós queríamos mais qualidade na merenda das crianças e o comércio destes produtos, num circuito local, é benéfico para o meio ambiente, já que limita as emissões de dióxido de carbono”, concluiu.