Plantas daninhas são sinônimo de preocupação para o produtor rural. O seu aparecimento dificulta e onera os tratos culturais das lavouras comerciais. Conhecidas como oportunistas, elas podem se desenvolver em diferentes habitats e competem com a lavoura na utilização dos nutrientes do solo, água, luz, e gás carbônico, sendo em alguns casos mais eficientes que a cultura comercial onde se instalaram. Estimativas de pesquisadores apontam para a existência de cerca de 800 espécies de invasoras no Brasil.
Além de terem de conviver com um grande universo de daninhas, agricultores de diversas regiões do país perceberam, ao longo das últimas duas décadas, que muitas dessas plantas se tornaram resistentes ao glifosato, princípio ativo do principal herbicida usado na agricultura. O International Survey of Herbicide Resistant Weeds (Pesquisa Internacional de Plantas Resistentes à Herbicidas) listou até este ano 261 espécies resistentes ao glifosato em todo o mundo. Destas, cinco já são comuns no Brasil.
São elas a buva (Conyza bonariensis), o capim amargoso (Digitaria insularis), o azevém (Lolium multiflorum), o capim pé de galinha (Eleusine indica) e o caruru gigante (Amaranthus palmeri). O caruru gigante foi identificado no Brasil em 2015. Ele é originário dos Estados Unidos e é uma das plantas daninhas mais agressivas porque cresce rápido e produz em média 400 mil sementes.
O combate dessas espécies é feito com produtos substitutos ao glifosato e são várias as estratégias disponíveis no mercado. De acordo com o engenheiro agrônomo e professor do Centro Universitário Filadélfia (Unifil), de Londrina, Donizete Fornarolli, algumas ações de prevenção podem ajudar o produtor a evitar a infestação. Entre elas, o professor destaca a limpeza dos equipamentos de preparo de solo, sementeiras e colheitadeiras, antes de enviá-los para outras áreas.
“As máquinas precisam ser bem limpas para evitar a contaminação de áreas que estejam sem daninhas”, diz. Ele também recomenda o controle químico do solo. “Algumas sementes podem ser espalhadas pelo vento. Neste caso, o produtor não conseguirá ter certeza se há ou não a semente de alguma planta daninha na sua propriedade. Na dúvida, a melhor ação é fazer o controle químico do solo, que chamamos de aplicação pré emergente”, explica Fornarolli.
Nas áreas onde já houve a infestação da planta, a recomendação é a adoção do plantio direto, bem como da rotação e da sucessão de culturas. Enfrentar o problema implica no aumento dos custos de produção. Na Argentina – país que, segundo pesquisadores, transmitiu o caruru gigante para o Brasil –, por exemplo, os custos saltaram de US$ 15 por hectare, para US$, após a incidência do caruru gigante nas lavouras comerciais. No Brasil, uma lavoura de soja sadia recebe cerca de 3 aplicações de defensivos, número que salta para 5 a partir do surgimento de alguma planta daninha.
Especialistas alertam que o controle das plantas daninhas não se faz com medidas isoladas. Por este motivo, é importante que o agricultor consulte um agrônomo, pois ele poderá auxiliá-lo sobre qual o herbicida mais indicado para determinado problema, qual a dosagem e qual o melhor momento de aplicação, dependendo do estágio de desenvolvimento da planta invasora.
“É preciso alterar constantemente as práticas usadas para controlar as plantas daninhas, com o objetivo de evitar ou retardar o aparecimento de novas invasoras e de preservar a ferramenta glifosato, que é de fundamental importância para a agricultura”, conclui Fornarolli.
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