A produção mundial de açúcar na safra global 2017/18, que se inicia apenas em outubro do ano que vem, pode registrar incremento de 8,5 milhões a 13,5 milhões de toneladas, projetou nesta segunda-feira, dia 7, o diretor-gerente da LMC International, Martin Todd, durante o Seminário Internacional do Açúcar 2016, realizado em São Paulo.
“O Brasil pode aumentar a fabricação em até 1 milhão de toneladas, para entre 39 milhões e 40 milhões de toneladas. Apesar da perspectiva de uma safra de cana menor, as usinas estão investindo em aumento da capacidade de cristalização”, citou.
Quanto a outras regiões, Todd afirmou que a Índia pode elevar sua produção em até 3,5 milhões de toneladas, para 26 milhões de toneladas, caso as condições climáticas retornem à normalidade.
Na Tailândia, o aumento potencial é de 2,5 milhões de toneladas, para até 12,5 milhões de toneladas. A União Europeia pode ter incremento semelhante, para mais de 20 milhões de toneladas, com o fim do regime de cotas de produção no bloco.
Política de subsídios
O presidente do Conselho da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Pedro Mizutani, comentou, na mesma ocasião, que representantes do governo tailandês estiveram no Brasil na semana passada para discutir a política de subsídios ao açúcar no país asiático. “Eles manifestaram vontade em rever essa política. Ainda não desistimos de abrir um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC), mas precisamos aguardar”, afirmou ele nos bastidores do Seminário Internacional do Açúcar 2016, em São Paulo.
As discussões sobre os subsídios na Tailândia começaram no ano passado, mas foi em fevereiro último que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizou o Ministério das Relações Exteriores a trabalhar em um contencioso no Órgão de Solução de Controvérsias da OMC. Após a fase de consultas, os próximos passos são a abertura do painel ou uma solução entre as partes. Havia a possibilidade de um painel ser aberto ainda no mês passado, mas as discussões entre os dois países prosseguem.
O Brasil afirma que a Tailândia elevou em 2014 o valor pago pela tonelada de cana, incentivo válido para cerca de 300 mil produtores e para um total de mais de 100 milhões de toneladas. Também questiona o aumento da área plantada no país asiático nos últimos anos. Por fim, o governo brasileiro pede informações sobre os custos de logística e como são definidos os preços internos do açúcar, por vezes superiores aos do mercado internacional. Brasil e Tailândia estão entre os maiores produtores mundiais de açúcar. Enquanto o Centro-Sul brasileiro deve fabricar quase 35 milhões de toneladas do alimento neste ano, a nação asiática deve produzir cerca de 10 milhões de toneladas.
Sobre a China, país que iniciou uma investigação para apurar a disparada nas importações de açúcar entre 2011 e 2016, Mizutani apenas citou que nesta semana “ocorre uma rodada de conversas entre os governos” dos países envolvidos. A investigação pode resultar na imposição de salvaguardas, dispositivo que, na prática, eleva as tarifas de importação de um produto, por vezes tornando inviável a outros produtores a venda para aquele destino.
Iniciada no dia 22 de setembro, a investigação de salvaguarda compreende o período de janeiro de 2011 a março de 2016, quando as compras chinesas de açúcar cresceram 663%. Os países mais afetados são Brasil, Austrália, Tailândia e Coreia do Sul. Em outubro, a Unica disse não reconhecer um surto (disparada) de importações que justifique a aplicação de salvaguardas pela China.