Brasil deve aumentar produção de óleo de soja destinada ao biodiesel

Setor está preparado para o aumento gradual da mistura obrigatória para B15 em 2025, e B20 em 2030; expectativa é que o combustível represente 3,31% da matriz energética do país

Fonte: divulgação

O Brasil tem capacidade de produzir mais óleo de soja para atender a produção crescente de biodiesel, com o aumento gradual da mistura no diesel nos próximos anos, disse o vice-presidente de Assuntos Tributários da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Irineu Boff. Ele citou projeções do Ministério da Agricultura de que a safra brasileira de soja poderá alcançar 170 milhões de toneladas em 2030. “Matéria-prima não falta. Com as sucessivas safras recordes de soja, o Brasil tem capacidade de produzir mais óleo de soja tanto para exportar como para destinar ao biodiesel”, disse na Conferência BiodieselBR, realizada em São Paulo.

Segundo ele, o setor entregou ao governo as perspectivas até 2030. O documento aponta que o Brasil tem plenas condições de implementar pelo menos o B20 em 2030, o que corresponde a uma produção de 18 bilhões de litros de biodiesel. Hoje, a mistura de biodiesel ao diesel vale na proporção de 20% (B20) para ônibus e caminhões, 30% (B30) para máquinas agrícolas e 7% (B7) para os demais veículos. 

Segundo Boff, desde 2010 o setor de biodiesel sofreu com grande ociosidade da indústria e a falta de perspectiva quanto ao aumento da mistura. Mas ele acredita que o novo marco regulatório do setor, representado pela sanção da Lei nº 613/2015 no começo deste ano, permitirá um avanço. “O novo marco regulatório demonstra a viabilidade econômica do biodiesel.” A lei eleva a mistura de biodiesel ao diesel vendido ao consumidor para 8% (B8) a partir 23 de março de 2017. No ano seguinte, o porcentual sobe para 9% (B9). Em 2019, a participação deve chegar a 10% (B10). A norma ainda autoriza o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a elevar a mistura obrigatória para 15%, caso testes validem a utilização dessa mistura em veículos e motores.

Incremento 

Boff ressaltou que o setor está preparado para o aumento gradual da mistura obrigatória para B15 em 2025 e a B20 em 2030 e citou as externalidades positivas do biodiesel, como a redução das emissões de gases de efeito estufa, geração de empregos e renda, redução da dependência do diesel importado e diversificação da matriz energética. Hoje, com o B7, o biodiesel representa 1,2% da matriz energética do Brasil. Se atingido o B20 em 2030, a ideia é que esse porcentual suba para 3,31%.

 “O aumento da demanda estimula novos investimentos por parte do setor.” Boff ressaltou que o primeiro passo para atender ao aumento da mistura é o uso da capacidade atualmente ociosa das usinas. Ele assinalou, entretanto, que novos investimentos dependerão ainda do tipo de financiamento que será oferecido ao setor nos próximos anos.

Sobre a questão envolvendo a destinação do farelo resultante da maior produção de óleo para biodiesel, o representante da Ubrabio defendeu que parte do derivado fique no mercado interno para ser consumido pela indústria de carnes, especialmente frango. Segundo ele, o setor também precisa de um estímulo maior ao desenvolvimento da óleo de palma, que “não gera farelo”. “É uma maneira de atingir o B20 sem excesso de farelo.” Assim como a palma, ele citou como alternativas culturas nativas, como macaúba e babaçu, cujo resíduo pode ser utilizado em cogeração.