Brasil e Argentina se reunirão a cada dois meses para discutir relações comerciais

Decisão foi tomada em encontro entre ministros dos dois países nesta segundaUma reunião a cada dois meses para discutir como está a relação comercial entre Brasil e Argentina e uma máxima integração produtiva entre os dois países na área de petróleo e gás. Essas foram as questões principais definidas em um encontro entre o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e a ministra da produção da Argentina, Débora Giorgi, nesta segunda, dia 21. A reunião foi a portas fechadas.

Na coletiva de imprensa, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, destacou o que foi prioridade entre as pautas: Integração na área de petróleo e gás, com possibilidades do país argentino fornecer equipamentos, peças e componentes para auxiliar na exploração do pré-sal.

? A Argentina tem uma tradição bastante importante e uma capacidade tanto em grandes equipamentos quanto no fornecimento de partes de peças e componentes para a indústria com a produção por pequenos e médios, que é o que nós procuramos fazer também no Brasil. Também, aprofundaremos isso porque é uma decisão do presidente Lula em relação ao pré-sal para que nós possamos ter o maior volume de produção local ? disse Miguel Jorge.

Duas questões agrícolas que interessam ao Brasil na relação bilateral não foram discutidas: a exportação de lácteos da Argentina para o Brasil e a diferença de tarifa que a Argentina impõe para o trigo e a farinha de trigo. A taxa para a farinha de trigo é 10% menor do que a do grão, favorecendo a entrada da farinha argentina no Brasil e assim prejudicando a indústria brasileira.

O diretor do Departamento de Assuntos Comerciais do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa, que participou do encontro, confirmou que a Argentina deve exportar mensalmente até o fim do ano para o Brasil três mil toneladas de qualquer produto lácteo.

Porém, o setor privado dos dois países inclui um fluxo razoável num ritmo de três mil toneladas ao mês que será obedecido. Com isso, não se quebra uma regra de comércio dentro do Mercosul, mas se administra um fluxo de maneira razoável, apesar que o ideal seria um volume de importação menor.

Benedito Rosa, que não conseguiu colocar a questão do trigo em pauta na reunião, confirmou o quanto a diferença de taxa prejudica o Brasil.

? Os argentinos argumentam que o volume total de farinha de trigo importado alcançará algo entre 9% e 10% do consumo brasileiro de farinha de trigo. Porém, a proximidade física do Paraná e Rio Grande do Sul cria um problema adicional. Esse percentual sobe para a faixa de 30% de consumo no Paraná e Rio Grande do Sul. Portanto, causa um grande problema para as indústrias pequenas e médias desses dois Estados porque elas têm uma concorrência com a farinha de trigo e tem menos interesse em comprar grão do produtor brasileiro ? explicou Benedito Rosa.

A ministra da Produção da Argentina, Débora Giorgi, não deu sinais de que o governo argentino deve mudar as taxas para o grão e a farinha de trigo.