Guarapuava, no interior do Paraná, é uma das campeãs nacionais quando o tema é produtividade do milho. A cidade, localizada no centro-sul do estado, atinge índices de colheita acima da média dos Estados Unidos. O desempenho dos produtores locais é influenciado por uma série de fatores, que vão desde as características de solo e clima da região até o uso de tecnologia.
A produtividade coloca a cidade no primeiro time da agricultura nacional. A média da região, formada por oito municípios, é de 12.200 kg de milho por hectare, o que significa mais de 200 sacas por hectare. O rendimento nos Estados Unidos varia nesta safra em torno de 180 sacas por hectare, enquanto a média brasileira está abaixo de 100 sacas.
O presidente do sindicato rural de Guarapuava, Rodolfo Botelho, afirma que o município tem tradição em culturas de inverno como o trigo, por causa dos imigrantes alemães que se instalaram na região e transformaram os campos nativos do município. “A entrada da soja e também do milho agregou conhecimento, informação e tecnologia. A consequência está aparecendo nos últimos anos, que são altas produtividades, principalmente na cultura do milho”, analisa Botelho.
“Isto se constrói ao longo do tempo, com correção de solo, fertilizantes e com conhecimento. Em função disso, nosso custo de produção é alto, mas temos estabilidade climática, o que é extremamente interessante para o milho”, afirma.
De acordo com o produtor rural Gibran Araújo, há uma série de fatores que contribuem para que a região tenha um alto índice de produtividade. “Entre elas, (está) a altitude com temperaturas amenas noturnas, o que favorece muito o desenvolvimento do milho. Temos solo de qualidade, com teores bons de argila e de matéria orgânica”, comenta.
Só que o rendimento alto tem um preço: os custos com tecnologia. “É mais caro do que a soja, pelo custo da semente e da tecnologia”, diz Araújo.
Se no passado não se imaginava custos e rendimentos tão altos, agora o desafio é logístico. “O agricultor trabalha na área contábil, na parte de humanas, na parte técnica; são muitos os desafios. Eu vejo como um dos grandes desafios o Brasil se tornar um país equilibrado em termos de logística . Em termos de política econômica, isto vai vir muito a nos ajudar no momento que acontecer”, completa.