Embrapa propõe solução para o capim navalha

Tecnologias seletivas controlam a planta invasora sem causar danos às pastagens

Fonte: Divulgação/Embrapa

Dois modelos de aplicadores seletivos desenvolvidos pela Embrapa, a enxada química e a roçadeira Campo Limpo, estão sendo estudados para resolver o problemas de infestações de capim-navalha, principal planta invasora de pastagens na região da Amazônia. O uso da tecnologia pretende reduzir em até 95% a presença da praga e protege a forrageira, o solo e outras plantas dos efeitos do herbicida, devolvendo a capacidade produtiva do pasto, com ganhos econômicos e ambientais. 

Atualmente, a infestação por plantas invasoras é considerada um grave problema de manejo de pastagens no Brasil, relacionado ao processo de degradação do pasto.

Na Amazônia, por exemplo, existem cerca de 500 espécies e o capim-navalha é a mais agressiva e de maior dificuldade de controle, principalmente em áreas de solos úmidos. Presente em todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste, além do Maranhão, Pernambuco, São Paulo e Paraná, a praga causa sérios prejuízos para os produtores.

No Acre, afeta quase 100% das propriedades rurais envolvidas com a atividade pecuária, em diferentes níveis de infestação. Entre outras consequências, o problema reduz a produtividade do pasto, limitando a oferta de alimento para o gado, prejudica o desempenho produtivo do rebanho e eleva o custo de reforma da pastagem. 

Para o pesquisador Carlos Maurício Andrade, responsável pelas pesquisas na Amazônia, os aplicadores seletivos foram desenvolvidos para mudar o manejo das pastagens. “Essas tecnologias atendem tanto o agricultor familiar, que precisa realizar o controle de invasoras de forma mais localizada, como grandes pecuaristas, que necessitam reformar extensas áreas afetadas, com o diferencial de preservar o pasto”, explica.

Cuidados

De acordo com a Embrapa, os equipamentos reduzem o risco de contaminação humana e impedem a deriva de substâncias químicas para culturas vizinhas. Um diferencial da roçadeira Campo Limpo é a precisão na liberação do produto, aspecto que evita desperdício e proporciona economia para o produtor rural. Outra vantagem é que a tecnologia proporciona agilidade nas aplicações, permitindo otimizar o tempo de trabalho. Segundo Andrade, uma pessoa consegue tratar um hectare de pastagem em apenas 40 minutos. “Por métodos tradicionais, como o arranquio da planta, seriam necessários dez homens e oito horas para realizar a mesma atividade”, diz o pesquisador.

A enxada química agrega possibilita a adoção da ferramenta em áreas rurais onde não é possível o uso de outras alternativas de controle. Por ser uma tecnologia manual, pode ser utilizada em localidades com diferentes características de relevo, inclusive em solos acidentados. Apesar das facilidades, é indispensável o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) na operacionalização dos aplicadores seletivos. Além disso, cuidados como regulagem adequada dos equipamentos e preparo prévio da área a ser tratada ajudam a garantir melhor rendimento operacional e resultados mais efetivos.

Conforme explica Andrade, o controle de plantas invasoras depende também de procedimentos importantes para a manutenção da pastagem. “A realização de tratamento de reforço para eliminar plantas remanescentes do capim-navalha e a adoção de práticas adequadas de manejo do pasto, incluindo o uso de forrageiras recomendadas pela pesquisa, adubações periódicas e respeito à capacidade de lotação das áreas pastejadas, entre outros cuidados, contribuem para o sucesso das tecnologias”.