Agricultores gaúchos prometem ato contra reforma da Previdência

Os atos devem acontecer pelo interior gaúcho nesta sexta e ocupar prédios públicos, como escritórios do INSS

Fonte: Divulgação/Fernanda Dias-Identidades Rurais

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que trata da reforma da Previdência e determina que homens e mulheres do campo trabalhem, no mínimo, até os 65 anos para conseguir a aposentadoria mobilizou famílias de agricultores no Rio Grande do Sul. Os agricultores prometem manifestações em várias áreas do estado nesta sexta-feira, dia 16.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS),  Carlos Joel da Silva, criticou o sistema proposto pelo Congresso. “Essa reforma penaliza muito a agricultura familiar, pois o agricultor tem que trabalhar 49 anos ou muito mais (…). Será que quem quebra a Previdência Social é um agricultor que ganha um salário mínimo?”

Os atos devem acontecer pelo interior gaúcho e ocupar prédios públicos. “Essas manifestações serão pacíficas, com ocupação das agências do INSS, onde estaremos dialogando com os funcionários. O ato será para mostrar que a sociedade tem que reagir e depois sensibilizar deputados e senadores, que devem olhar com um olhar mais criterioso para essa reforma da Previdência. Eles não podem é cobrar essa conta de quem não deve”, disse Carlos Joel.

Uma das justificativas do governo federal para a mudança da lei é de que os trabalhadores rurais não contribuem com a previdência, fato que foi negado pela federação. “A agricultura familiar contribui com 2,1% de tudo que produz e vai pra previdência social. O que o governo não diz pra população é que tem empresas que descontam do agricultor e que não repassam para a Previdência Social e que esse mesmo governo não tem capacidade de fiscalizar”, completou o presidente da Fetag-RS.

SRB pede urgência

A Sociedade Rural Brasileira também se posicionou sobre a reforma da Previdência e considerou a medida necessária, mas criticou a visão de que os trabalhadores rurais são os responsáveis pelo prejuízo da aposentadoria. “Uma informação distorcida, na qual o produtor rural é responsável pelo buraco na Previdência. O que houve foi que, na Constituição de 1988, o Brasil tomou a decisão de incorporar todos os trabalhadores rurais dentro da Previdência Social do Brasil. Portanto, foi uma decisão nossa e nós temos uma conta”, disse o presidente da SRB, Gustavo Diniz Junqueira.

A entidade diz ainda que o atual governo precisa tratar a reforma com urgência. “O presidente Temer tem que colocar a reforma da Previdência urgentemente, porque, uma vez feita a PEC do Teto, agora nós precisamos começar a discutir quais são as prioridades para os recursos que o país tem e onde alocar estes recursos”, falou.