Em Minas Gerais, os produtores se preparam para a colheita do milho verão. E, mesmo com um preço menor em relação a 2015, há motivos para otimismo, já que a rentabilidade das lavouras pode ser até 40% maior do que a soja.
Nesta safra, o produtor José Cusinato decidiu plantar 47 hectares de milho, o que representa 25% de toda a área da fazenda. Há quatro anos sem investir na cultura, o agricultor se apoiou em uma análise de mercado e na experiência de melhoria no manejo do solo. “Essa é uma área com bastante problema de nematóide e não estava gerando uma produção satisfatória na soja e na safrinha. Se a gente conseguir uma produção mínima de 150 a 170, já que essa é uma região baixa, com pouca altitude e não é ideal para milho, eu consigo com o preço de hoje, uma receita líquida superior a da soja”, comentou Cusinato.
A expectativa de preços altos no mercado estimulou o cultivo do cereal no estado. De acordo com a Céleres Consultoria, a área de milho verão cresceu 16% em Minas Gerais nesta safra e chegou a 1,6 mil hectares. Já a produção esperada é de 6,6 milhões de toneladas, alta de 15,5% em relação ao ciclo passado. A maior parte deste volume será destinada ao mercado interno.
“Esta maior produção de milho no verão em Minas Gerais é consequência do fato de que o estado é um grande consumidor de milho. Nós temos uma indústria de aves e suínos bastante instalada e consolidada, não apenas grandes impressas integradas, mas também produtores independentes. Portanto, o milho mineiro é consumido dentro de Minas”, afirma o diretor da Céleres Consultoria, Anderson Galvão.
O aumento da oferta vai pressionar as cotações. Em 2016, a saca de milho de 60 kg chegou a ser vendida acima de R$ 50. Para este ano, o preço médio esperado é de R$ 30 a R$ 35. Apesar da queda no preço do grão, os produtores mineiros estão otimistas. Na fazenda de José Cusinato, por exemplo, a rentabilidade média do milho deve ser entre 30% a 40% maior do que a soja.
“O custo de produção esteve equivalente ou levemente inferior ao da safra passada, considerando defensivos, fertilizantes e sementes. A semente foi exageradamente maior, porém, defensivos ficaram estáveis e fertilizante teve uma queda. Com isso, se nós multiplicarmos a produção de milho esperada pelo preço de hoje nós vamos ter uma rentabilidade superior por hectare em relação a soja”, destacou.
E para os produtores mineiros que vão iniciar a colheita nas próximas semanas, fica o alerta de Anderson Galvão. “Aquele agricultor que colhe milho no triângulo mineiro e alto paranaíba, ele deve estar preparado para participar do mercado nos próximos três meses de olho no desenvolvimento da safra de milho inverno. Se tivermos uma safra de milho inverno robusta, muito provavelmente nós vamos virar 2017 com preços de milho bem mais baixos do que o ano passado, mas longe de falar que são preços ruins.”