Mandioca: seca no Nordeste faz disparar os preços

Na região, as cotações subiram mais de 150%; líder em fécula, Paraná vê a produtividade despencar

Fonte: Embrapa/Divulgação

A seca no Nordeste afetou a produção da mandioca, um dos principais produtos da região. Por conta disso, os preços subiram mais de 150% no mercado brasileiro. Maior produtor nacional de fécula, o Paraná viu a sua produtividade despencar 13,2% no ano passado. As indústrias sofrem os efeitos dessas quedas.

É o caso do empresário Pedro Barreto, que investiu na produção da farinha de tapioca, que caiu no gosto do brasileiro e virou um negócio promissor. Barreto começou a produzir farinha em escala industrial há quase 10 anos. No começo, eram 25 toneladas por mês. Hoje, são mais de 500 toneladas vendidas para 13 estados brasileiros.

O problema decorrente da seca é que a matéria prima, essencial para manter a fábrica funcionando, está bem mais cara. Em um ano, a alta acumulada é de 91%. Já o índice de aumento no preço da mandioca foi ainda maior: 154,5%, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). 

“Para não faltar matéria-prima, a gente tem de pagar o preço do mercado. O fornecedor não tem muita consideração. O fornecedor fala: ‘Sinto muito, o produto eu tenho, mas o preço é e esse. Se quiser comprar, tudo bem. Se não quiser, outro compra’. E, como a gente precisa, tem que comprar”, diz o empresário Barreto.

O Paraná, onde ele busca a fécula de mandioca, é o maior produtor do Brasil. Mas a produtividade das lavouras paranaenses caiu bastante em 2016, por causa do excesso de chuva. Segundo o IBGE, a queda foi de 13,2%. 

A baixa oferta no Nordeste provocou um fenômeno curioso: a busca pela mandioca e subprodutos no Centro-Sul do Brasil. “O Nordeste é um grande consumidor de farinha. Por conta da seca, tem havido esse fluxo de mandioca do estado de São Paulo para Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Não é algo incomum, mas diferente para o setor, até pela questão do custo de transporte e logística”, diz Fábio Isaias Felipe, economista e pesquisador do Cepea mandioca e derivados.