A produção de algodão no Brasil deve crescer 20% nesta safra e a expectativa do setor é colher cerca de 1,5 milhão de toneladas da pluma, com média de 1.550 quilos por hectare. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo de Azevedo Moura, o fator clima será importante para garantir uma boa colheita em 2017.
“Nós tivemos, no último ano, problemas de clima tanto no Nordeste, quanto no Centro-Oeste, o que fez com que a produtividade fosse muito afetada. Esse ano temos uma expectativa mais positiva do clima nas duas regiões e isso fará com que a gente recupere a produtividade histórica”, disse.
Gerente de uma fazenda em Pamplona, Goiás, Marcelo Peglow administra uma área de oito mil hectares de algodão nesta temporada. Com o início da colheita em junho, a expectativa é colher mais de quatro mil quilos por hectare, três vezes mais do que a média nacional. “A gente conseguiu fazer um plantio muito bem feito e as chuvas ajudaram. Tivemos um período sem chuva entre dezembro e janeiro, mas, para a cultura do algodão, não interferiu em nada, pois voltou a chover bem entre janeiro e fevereiro”, disse.
Valor agregado
Com a boa produtividade, o produtor brasileiro de algodão está determinado a agregar valor à pluma nacional. Sinal disso é que, na última safra, mais de 80% da produção já tinha o chamado certificado de sustentabilidade, que atesta que o sistema produtivo respeitou parâmetros ambientais, sociais e trabalhistas. A adesão ao selo é voluntária e, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), metade do algodão certificado que circula no mundo vem do brasil.
Na fazenda gerenciada pelo Marcelo, o certificado já é realidade. “Nós ainda não temos um retorno financeiro significativo, mas sabemos que isso vai acontecer no futuro, gerando credibilidade ao algodão brasileiro”, disse.
Outra iniciativa que ajuda a valorizar o produto nacional vem do Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão, um grande laboratório gerenciado pela Abrapa e que, na prática, vai verificar análises de qualidade feitas em outros laboratórios do país, para garantir que tudo esteja de acordo com os parâmetros internacionais.
“Muitos laboratórios, talvez por desconhecimento, não sabiam da necessidade em atender algumas normas internacionais e os laboratórios não estavam adequados pra que pudessem dar resultados confiáveis pra todo esse processo. Inicialmente, a ideia é que nós façamos uma verificação de 1%, uma amostragem do que é feito no laboratório, pra que esse laboratório possa verificar se ele está dentro da conformidade”, relatou o gerente do Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão, Edson Mizoguchi.