Caos na BR-163 causa déficit de 700 mil toneladas de soja à exportação

Navios poderão ser redirecionados para o Porto de Santos que, segundo a Codesp, está preperado para atender a demanda

Fonte: Appa

Dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) apontam que pelo menos 700 mil toneladas de soja deixaram de ser embarcadas nos portos do Arco-Norte desde o início da crise na BR-163, em meados de fevereiro. Até o momento, não existe a confirmação de navios sendo redirecionados para o sul e sudeste, mas o porto de santos afirma que consegue atender a demanda, se for necessário.

As chuvas das últimas semanas na região amazônica, coincidindo com o pico da safra de soja em Mato Grosso, tornaram a BR-163 intransitável na divisa com o Pará. Atoleiros se formaram e caminhões carregados ficaram parados dia e noite. Os prejuízos estão estimados em cerca de 400 mil dólares por dia.

O valor, segundo Sérgio Mendes, presidente da Anec, se refere apenas ao custo de exportação, chamado de elevação e de demurege. Demurege é o tempo em que o navio fica esperando nos portos, com encargos de multa/dia. “São 20 mil dólares/dia. Tinham cinco navios esperando, que somam 100 mil dólares. Se acrescentar o custo de elevação, de 30 toneladas/dias a 10 dólares a tonelada, são 300 mil. Mais os 100 mil dos navios, totaliza-se 400 mil dólares/dia”, contabiliza Mendes.

Dos 6 milhões de toneladas de soja exportadas em fevereiro, os portos de Miritituba e Santarém (PA) foram responsáveis por mais de um milhão de toneladas. Mas, devido ao caos logístico, pelo menos 700 mil toneladas não entraram nessa conta. Um problema que, segundo o presidente da Anec, mancha a imagem do país. “A situação das estradas projetadas na televisão rodaram o mundo. Isso é péssimo para o Brasil”.

Ponto fundamental

Hoje, o transporte de grãos pela BR-163 até o Arco-Norte é considerado a principal alternativa para redução de custos e ampliação de competitividade com os demais países, como é o caso dos Estados Unidos, líder mundial em produção de soja e milho.  Agora, o tráfego de veículos na estrada, principalmente o de caminhões, nos pontos onde os atoleiros se formaram está no sistema pare e siga.

Para Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) o primeiro planejamento deve dar atenção aos veículos que estão em trânsito para dar curso normal ao Porto de Miritituba.  “As condições de trafegabilidade já tiveram uma melhora considerável com o grupo de medidas emergenciais que o governo adotou, entre elas um numero maior de policiais rodoviários, o exercito pra dar o apoio e todo apoio do DNIT. As empreiteiras também estão sendo chamadas a contribuir neste esforço pra se procurar evitar ao máximo o retardamento de viagem. A rodovia está funcionando da forma mais eficiente possível”.

No entanto, caso os atoleiros voltem a se formar, os navios que estão atracados nos portos de Miritituba e Santarém podem ser redirecionados para outras regiões. O porto de Santos (SP),  que só em janeiro exportou 500 mil toneladas de soja, seria um deles. Atualmente, os 13 terminais estão ocupados e outros 20 navios estão aguardando o carregamento.

De acordo com o superintendente de operações e logísticas do Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), por enquanto, nenhum agendamento ou chegada de navio do norte foi feita, mas ele afirma que porto está preparado para atender a demanda. “Os terminais estão preparados pra escoar essa carga, estão trabalhando 24 horas, e por enquanto está tudo normal. Mas, o carregamento dos terminais é rápido. Os navios que forem desviados pra cá, obrigatoriamente terão que entrar na fila, porque existe uma regra a ser cumprida, mas não vej problema nisto”.