Justiça manda sem-terra desocupar lavoura de laranja em SP, mas MST diz que fica

Fazenda foi tomada por cerca de 350 famílias no último dia 27O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Márcio Santos, informou nesta terça, dia 6, que será mantida a invasão da fazenda Santo Henrique, situada no município de Borebi, a 300 quilômetros da cidade de São Paulo.

Segundo ele, mesmo depois do movimento receber um aviso de liminar da Justiça para a desocupação, a intenção é de permanecer no local. A fazenda foi tomada por cerca de 350 famílias no último dia 27.

Ele disse que o movimento decidiu pela destruição de lavouras de laranja, de um espaço de dois hectares, para pressionar as autoridades a agilizar o processo de assentamentos no interior paulista. As lavouras destruídas pertenciam à empresa Cutrale, a maior produtora mundial de sucos de laranja.

? No lugar das laranjas, nós íamos plantar arroz, feijão e milho ? disse.

Santos argumentou que o MST escolheu a fazenda pelo fato da região possuir glebas cujo o direito é reivindicado na Justiça para devolução à União.

De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a fazenda Santo Henrique está incluída no Núcleo Colonial Monção, uma área de 40 mil hectares espalhadas entre os municípios de Agudos, Águas de Santa Bárbara, Borebi, Iaras e Lençóis Paulista.

Uma parte dessas terras foi comprada pela União e outra recebida pelo governo federal como pagamento de dívidas das companhias de Colonização São Paulo e Paraná. Conforme o Incra, há um processo em tramitação na Justiça, desde 1997, visando à desapropriação da fazenda para fins de reforma agrária.

Por meio de nota, a Cutrale informou que obteve na Justiça liminar de reintegração de posse. Segundo o comunicado, os sem-terra têm prazo de 24 horas para deixar o local sob pena de multa diária no valor de R$ 500, por invasor. A empresa alega que, no local, existem 300 empregados entre trabalhadores rurais e colhedores e que eles teriam sido ameaçados pelo MST.