Os impactos da operação carne fraca trouxeram preocupação para os pecuaristas, já que os frigoríficos reduziram os abates e a única alternativa é segurar os animais no campo, gerando mais custos. Na visão do Sindicato dos Frigoríficos de São Paulo, como o problema foi generalizado, a recuperação será lenta.
“Um problema estadual acabou virando um problema mundial e afetou todo um setor, pois acabou jogando as empresas em uma vala comum, como se todos os frigoríficos usassem produtos contaminados ou desconformes. Isso não é verdade”, disse o Carlos Lorenzo, diretor-administrativo da Sindicato da Indústria do Frio no Estado de São Paulo (Sindifrio).
Depois do boicote de vários países à carne brasileira, o mercado para o pecuarista ainda é incerto. Mais de 20 países já anunciaram restrições à carne brasileira e, na última terça-feira, o país exportou apenas US$ 74 mil, valor bem abaixo da média diária de US$ 63 milhões.
“Para a cadeia, de um modo geral, é um impacto bem grande porque as empresas restringem a compra de bovinos e há sobra no pasto. Há impacto também na ração, no milho, na soja e também dos produtos veterinários”, disse Lorenzo.
Se a retomada vai ser lenta, os pecuaristas estão preocupados com mais quedas no preço da arroba do boi gordo. Em todo o Brasil, já são observadas ofertas de compra até R$ 5 a menos. Algumas empresas têm ofertado no máximo R$ 138 por arroba do macho terminado.
“Quando o mercado ainda não tinha noticia dessa operação, a arroba aqui em São Paulo estava por volta de R$ 149. Agora, os frigoríficos estão ofertando até R$ 139, mas o mercado está completamente sem referência e eu acredito que só aquele produtor com compromissos inadiáveis esteja vendendo a esse preço”, disse o pecuarista Marcelo Catherino, que acredita em uma “inundação” de carne no mercado quando os frigoríficos voltarem a abater.