Empresas cerealistas terão R$ 300 milhões em crédito para armazenagem

Linha de crédito foi acertada entre Ministério da Agricultura, bancada ruralista e representantes do setor com o Ministério da Fazenda

Fonte: Fábio Santos/Canal Rural

O governo federal vai criar uma linha de crédito para armazenagem destinada especificamente para empresas cerealistas. Serão ofertados R$ 300 milhões com taxas de juros de 6,5% ao ano e 12 anos de prazo para financiamento com outros três anos de carência. Atualmente, o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) atende apenas produtores rurais e cooperativas. A novidade vai ser anunciada nesta quarta-feira, dia 7, durante o lançamento do Plano Safra 2017/2018.

A linha de crédito foi acertada entre o ministro da agricultura, Blairo Maggi, o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) e representantes do setor com o Ministério da Fazenda na tarde dessa terça, dia 6. Ela será criada por meio de uma medida provisória, por questões técnicas, que deve ser assinada também nesta quarta.

O diretor executivo da Associação Brasileiras das Empresas Cerealistas (Acebra), Roberto Queiroga, afirma que as empresas do segmento nunca tiveram acesso ao crédito oficial e que os juros de mercado em torno de 15% afastam possibilidades de investimento em novas estruturas de armazenagem. “A safra deste ano foi muito grande e devemos ter um déficit de armazenagem de 70 milhões de toneladas de grãos no país. Não vamos conseguir diminuir essa carência apenas com PCA para produtores e cooperativas. Esse crédito é muito positivo e muitas empresas que estão com plantas e projetos engavetados poderão ser realizados com esses recursos”, disse.

Segundo Queiroga, há um compromisso das empresas cerealistas de acessar esse crédito e construir novas estruturas de armazenagem. “Esse subsídio não vai ter nenhum aumento de despesa por conta do governo. Os recursos já estavam disponíveis dentro do PCA e estava sobrando em outras safras”.

O deputado Jerônimo Goergen afirmou que existe demanda do setor cerealista para até R$ 400 milhões, mas que o recurso conseguido “aos 45 do segundo tempo” será recebido com entusiasmo pela indústria. Ele destacou que existem regiões do país que não são atendidas por cooperativas nem pelas tradings, onde empresas poderão construir ou ampliar estruturas de armazenagem e beneficiar a cadeia produtiva.

Ele ainda afirmou que o PCA terá R$ 1,3 bilhão para a safra 2017/2018 com juros de 6,5%, dois pontos percentuais abaixo da temporada passada. O volume de recursos, no entanto, caiu em relação ao valor da safra passada, que foi de R$ 1,4 bilhão.

Problemas persistem

Segundo levantamento da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), os estados com maior deficiência de armazenagem são o próprio Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. Mesmo com a nova linha de crédito, os problemas estruturais devem continuar este ano e também na próxima safra.

Roberto Queiroga, da Acebra, acredita que ainda haverá “correria” para escoar a produção para os portos e para retirar milho dos armazéns para estocar a soja, entre outras situações que tiram a competitividade do setor no Brasil.