A arroba bovina sazonalmente cai nesse período do ano, por dois motivos principais: a oferta maior de fêmeas e também de bois gordos, por causa da perda da capacidade de suporte dos pastos, às vésperas do inverno. Desde a Operação Carne Fraca, no dia 17 de março, porém, e exatamente dois meses depois, a referência usada na comercialização do boi gordo vem caindo consideravelmente, mais do que seria o normal para a época, nas praças pecuárias do País
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), a arroba do boi gordo em São Paulo – praça de referência para o País – alcançou nesta semana o valor mais baixo desde agosto de 2013. Conforme o indicador Esalq/BM&FBovespa para o Estado, na parcial de junho (até o dia 6) a arroba valia R$ 131,09. “Em agosto de 2013 o valor era de R$ 127,09, considerando-se a série histórica do Cepea, iniciada em 1997”, diz o centro de estudos. Entre a segunda-feira e hoje, o indicador desvalorizou-se mais 2,28%, de R$ 131,25 no dia 5 para R$ 128,25 ontem
Os frigoríficos que lidam com abates para o mercado interno têm um excesso de oferta e com isso derrubam o valor da arroba. “Imagina uma empresa do porte da JBS saindo do mercado e todos os bois que ela comprava estarem sendo enviados para os outros frigoríficos. Eles estão tendo uma oferta muito grande, afunilou toda a boiada para eles”, diz Rogério Goulart consultor da Carta Pecuária e criador de gado de corte em Mato Grosso do Sul. Ele comenta que a confiança do pecuarista com a empresa de fato foi minada. Para o pecuarista, se o frigorífico paga muito acima do mercado, como a JBS está fazendo, já se acende a luz de alerta.