O presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, afirmou nesta terça-feira, dia 13, durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Cartelização da Citricultura, que o prejuízo com a prática do cartel na compra de laranja pelas indústrias produtoras de suco supera US$ 10 bilhões. Segundo Viegas, a prática começou há mais de 40 anos, teve várias investigações arquivadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A última investigação foi iniciada em 1999 e terminou em novembro do ano passado. Nesse processo, a indústria firmou acordo com o órgão antitruste, admitiu a prática de cartel na compra da fruta e concordou em pagar multa de R$ 301 milhões para encerrá-lo.
“Esses R$ 300 milhões são irrisórios. É o correspondente a R$ 1 por caixa de laranja (de 40,8 quilos) processada ao ano, um valor ridículo”, disse Viegas. O presidente da Associtrus citou como exemplo a ação, segundo ele, tomada por empresas, em 1992, para pagarem até US$ 10 por caixa de laranja com o intuito de tornar inviável o funcionamento da Frutesp. A companhia era uma cooperativa de produtores que produzia suco à época. “Após o fechamento da Frutesp, no ano seguinte o preço caiu para US$ 2 por caixa aos produtores”, disse.
Ao fim do depoimento, Viegas cobrou que a CPI da Citricultura questionasse o Cade sobre o motivo de ainda manter o sigilo da maioria do processo administrativo que culminou com o acordo e a multa, no ano passado.