No interior de São Paulo, produtores de tomate tentam se manter no setor a todo custo. Além do clima, o preço pouco atrativo também tem acarretado muitos prejuízos. Na região de Sumaré, uma das principais produtoras do estado, mais de 700 famílias dependem financeiramente da cultura.
Na propriedade em que o consultor técnico João Roberto Amaral Júnior dá assistência, a plantação deve render uma média de 80 toneladas de tomate por hectare. A expectativa inicial, no entanto, era a de colher 140 toneladas por hectare, o que representa uma quebra de safra de 40%.
A área enfrentou problemas com clima desde a formação, conta o engenheiro agrônomo Marcos Ravagnani. “Tivemos altas temperaturas no início e entrada de doenças; na hora da colheita, a chuva foi bem intensa e acabou manchando e rachando os frutos, ocasionando grande descarte”, enumera.
O preço pago ao produtor também não tem sido favorável. O custo de produção de uma caixa de 24 quilos de tomate corresponde a R$ 36, mas os produtores não estão conseguindo uma cotação suficiente para cobrir os gastos. Além disso, a negociação final com os centros de distribuição varia de acordo com a classificação do fruto.
As caixas com tomates maiores são vendidas a R$ 30 cada. As de frutos médios valem R$ 20, enquanto as com tomates pequenas saem a R$ 10. Na média geral de um caminhão contendo 20 toneladas de frutos, cada caixa vale R$ 20.
Há pelo menos três safras, os produtores da região de Sumaré enfrentam esse tipo de situação. “Quando o preço está bom, a produtividade está baixa, e quando a produtividade está boa, nós estamos tendo um preço muito baixo. Isso está criando um déficit muito grande para os produtores da região”, diz João Roberto Amaral Júnior.
A região de Sumaré abriga cerca de 3 milhões de pés de tomate por safra, empregando diretamente quase 750 famílias. Se as condições não melhorarem, um grande contingente de agricultores pode abandonar a atividade, informa Amaral. “Muitos produtores que acumularam bens com a tomaticultura estão tendo que se desfazer desses bens. Antes que voltem à estaca zero, eles estão pensando em parar”.
Prejuízo causado por problemas climáticos e baixa remuneração da cultura por safras seguidas já faz agricultores pensarem em abandonar a atividade