O acesso ao crédito para produtores rurais da região Norte do Brasil não está nada fácil, pois as taxas de juros chegaram a dobrar por causa das tarifas bancárias e a expectativa do governo do Pará é de que o Banco da Amazônia reduza os custos para facilitar os financiamentos e melhore a situação da região que menos acessou o crédito rural na última década.
O assunto esteve em debate nesta quinta-feira, na Câmara dos Deputados. Para a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), produtores que tomam recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte, o FNO, distribuído pelo Banco da Amazônia, são mais taxados do que agricultores e pecuaristas do restante do país.
“Nós estamos discutindo a questão de tarifas que foram implementadas pelo Banco da Amazônia para determinados serviços prestados, como a avaliação do imóvel e depois a análise do crédito, renegociação de dívidas, pra tudo isso o banco instituiu tarifas. Tem sobrado recursos no final de cada exercício em função das dificuldades que estão tendo pra chegarmos ao crédito”, disse o vice-presidente da CNA, Assuero Veronez.
Segundo o governo do Pará, as tarifas cobradas pelo Banco da Amazônia chegam a 4%, mais da metade dos juros aplicados para investimento. Nessas operações, as taxas são de 7,6% ao ano para grandes produtores e, quando adicionadas as tarifas extras, o percentual pode chegar a 12% e muita gente acaba desistindo de investir.
O banco nega cobrar taxas abusivas, mas admite a possibilidade de reduzir as tarifas.
“É um processo natural para remunerar o serviço prestado do banco e isso tudo está constado em tabela de tarifas aprovada pelo Banco Central. A gente está reavaliando algumas tarifas, como tarifa de renegociação e até a tarifa de avaliação, onde temos um teto que anteriormente chegava até R$ 75 mil para um grande empreendimento e agora reduzimos para R$ 30 mil e estamos avaliando se podemos reduzir um pouco mais”, contou o diretor de infraestrutura de negócio do Banco da Amazônia.
A deputada Júlia Marinho (PSC/PA) foi quem pediu a realização da audiência pública sobre o assunto na Comissão de Integração Nacional da câmara dos deputados. Para ela, a justificativa do Banco da Amazônia não convence.
“O apresentado não bate com a realidade na agência. Então, precisamos ver ponto a ponto para discutir. Devemos, a partir da audiência pública, buscar uma discussão para a gente igualar essa situação de cobranças de tarifas”, contou.
De acordo com o diretor de Crédito e Estudos Econômicos do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz, as taxas bancárias são altas, mas isso não é exclusividade da região. “Esse ano nós avançamos e conseguimos pequenas reduções”, disse.