De todas as aplicações de agroquímicos realizadas no Brasil, 25% são feitas com aviões. O número poderia ser muito maior se o assunto não fosse tomado por mitos. Muitos produtores acreditam que só 1% do produto atinge o alvo quando aplicado dessa forma. Sendo assim, além do gasto para o produtor, o agroquímico estaria indo para outras áreas.
Para o professor universitário da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialista em aviação agrícola Ulisses Rocha Antuniassi, a utilização só não é maior porque ainda existe muita informação errada sobre o assunto. “A aplicação aérea, ou a aplicação de qualquer outro método, ela pressupõe que, se realizada dentro dos conceitos de correto e seguro de boas práticas, você tenha uma eficiência alta. Até 100% se realizado dentro de todos os critérios”, explica.
A legislação brasileira tenta ser rigorosa para evitar prejuízo em outras culturas. Como quando o produto se espalha em áreas com parreiral, por exemplo, e pode prejudicar a fruta. De acordo com o advogado e diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Thiago Magalhães, se respeitado os limites da lei – 250 metros de culturas suscetíveis ao produto e animais; e 500 metros de municípios –, não haveria problemas com deriva ou contra o produtor que faz uso de aviação agrícola.
Nos Estados Unidos, país que fez a primeira pulverização aérea do mundo há 96 anos, os agricultores usam muito essa técnica e não têm problemas, até porque seguem à risca as indicações agronômicas. Além disso, eles enxergam a vantagem de utilizar o método e cobrir mais de 70 milhões de acres, em vez de optar pelo uso de máquinas.
A pulverização feita corretamente depende de quem comanda a avião e a melhor forma de evitar problemas é treinar bem os profissionais. Segundo Thiago Magalhães, é isso que o setor tem buscado. “Para que não ocorra problema de deriva, não ocorra problemas de intoxicação, não ocorra problema de mortalidade de abelhas. Isso com o tempo vai conscientizar a população de que é realmente uma ferramenta viável e que não tem o problema que se vê hoje como mídia negativa da aviação agrícola”, afirma.