Nos bancos oficiais, a tomada de crédito rural está maior. Com a queda da Selic, o produtor tem de ficar atento. Pode ser que empréstimos a juros livres passem a ser mais vantajosos. A supersafra 2016/2017 rendeu menos para o produtor, mas impulsionou a tomada de crédito para a safra 2017/2018. Pelo menos é esse o argumento do Banco do Brasil, que teve aumento na procura na comparação com o ano passado.
“Os investimentos neste ano estão andando mais que no ano passado. Em função da supersafra, o produtor voltou a fazer compra de máquinas e equipamentos. Então o fluxo de investimento em todas as regiões, mas notadamente no Centro-Oeste e Centro-Sul, está bastante acentuado no Banco do Brasil”, diz Tarcísio Hubner, vice-presidente do Banco do Brasil.
Nesta semana, o Conselho Monetário Nacional fez novos ajustes nas regras de crédito rural para as cooperativas e integradoras. O limite de empréstimo das cooperativas passou de R$ 600 milhões para R$ 800 milhões.
Mas a principal discussão tem sido outra. Com a previsão de redução da taxa Selic até o fim do ano, especialistas apontam que há novas alternativas para a contratação do financiamento.
“Devemos fechar o ano com uma Selic próxima dos 7%. Assim, a taxa vai estar maior do que a taxa de juros do crédito rural. Logo é melhor tomar o dinheiro numa carteira comercial do que tomar numa taxa Selic”, diz Ademiro Vian, presidente do Ibdagro (Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio).
Para Vian, na carteira rural, o produtor tem de pagar o projeto 2%, tem se pagar o seguro na faixa de 6 e 8%, e mais 8,5% de juros. “Isso já vai para 25,5% ao ano. Numa taxa Selic de 7, 7,25%, ele vai pagar praticamente o dobro”, afirma.
Outro benefício apontado por ele é a fuga da burocracia. “Numa carteira comercial, o produtor não tem um limite estabelecido pelo governo, não tem todas aquelas exigências. Ele pode tomar o dinheiro, e o banco vai liberar como crédito comercial na conta dele, sem nenhuma outra exigência”, conclui.