Conab projeta recuperação do agronegócio na próxima safra

Apesar do sinal positivo, a entidade aconselha o produtor de milho a reduzir a área plantada do grão para equilibrar a relação entre oferta e demanda e garantir melhores preços

Fonte: Jonas Oliveira/ANPr

A agropecuária seguirá como um dos motores da economia brasileira e deverá recuperar a participação no produto interno bruto (PIB) em 2017. No entanto, para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), alguns produtos terão que equilibrar a relação entre oferta e demanda para garantirem a rentabilidade aos produtores. A cultura que mais preocupa é o milho, com uma safra atual recorde e com um estoque que chega ao triplo do registrado na última safra de 2015/2016.

A análise está no estudo Perspectivas para a Agropecuária, safra 2017/2018 apresentado nesta quarta-feira, 6, pela Conab. De acordo com a pesquisa, os preços domésticos do milho encontram-se abaixo do preço mínimo, sobretudo em Mato Grosso, estado com maior sensibilidade ao custo logístico. Em Sorriso (MT), as cotações do milho em julho fecharam a média mensal em R$ 12 a saca e com tendência de baixas ainda maiores, com o decorrer da colheita da segunda safra. O preço mínimo no estado é R$ 16,50.

“Além da safra robusta de milho, a paridade de exportação mais baixa nos portos brasileiros devido não só aos preços na Bolsa de Chicago, mas à desvalorização do dólar frente ao real, bem como o alto custo de frete, ajudam a pressionar as cotações internas, causando apreensão nos produtores que não enxergam no curto prazo sinal de melhora”, diz a pesquisa.

A Conab aconselha o produtor a diminuir a área plantada ainda mais do que a projeção de 2% a 5% para que seja atingida uma produção inferior a pelo menos 90 milhões de toneladas. Na safra 2016/2017, houve aumento da área de primeira safra, além das condições climáticas excelentes que permitiram ao Brasil atingir um volume de 97,2 milhões de toneladas. 

Projeções para o setor

A taxa de crescimento do PIB agropecuário manteve-se superior ao PIB brasileiro desde 2013. Esse cenário reverteu em 2016, quando o PIB agropecuário recuou 6,6% e o PIB total caiu apenas 3,8%. Ou seja, a atividade agropecuária foi a que apresentou o pior desempenho em 2016, com uma forte retração relativa em comparação ao ano imediatamente anterior. Para este ano, a expectativa é de retomada. 

A soja, que tem um peso grande nas exportações brasileiras – representando 13,72% de todo o embarque do país em 2016, ou seja, US$ 25,42 bilhões – continuará sendo o produto de maior rentabilidade ao produtor e liquidez de mercado. Apesar de um cenário que o produto não está em seu auge, registrando em 2016 o segundo ano consecutivo de queda nos valores das exportações, puxadas, principalmente, pela baixa dos preços deste complexo no mercado internacional, a Conab está otimista.

Segundo o estudo, as exportações da soja para 2017 estão estimadas em 63 milhões de toneladas, valor 22% maior que o total exportado em 2016, podendo ser ainda maior caso venha a ocorrer problemas climáticos nos Estados Unidos, possibilitando que o Brasil continue com as altas exportações após a colheita americana, ou seja, nos meses de setembro a dezembro de 2017, antes do fim do ano safra nacional.

Carnes

A recuperação da pecuária também é destacada. Após os impactos da operação Carne Fraca, deflagrada em março deste ano, com foco na falta de qualidade do produto em determinados frigoríficos brasileiros. “O governo brasileiro, por meio do Ministério da Agricultura fez um trablaho muito forte de convencimento junto a esses mercados para mostrar a qualidade da carne brasileira. Foram problemas pontuais, o governo mostrou que não reflete a realidade da produção brasileira”, disse o superintendente de gestão da oferta, Wellington Silva Teixeira.

De acordo ele, as estimativas atuais indicam uma redução de aproximadamente 2% nos volumes a serem exportados esse ano, porém com uma receita de cerca de US$ 8,9 bilhões, ou seja, aproximadamente 9% acima daquela verificada em 2016, devido a uma melhora nos preços internacionais em dólar por tonelada, com destaque para a carne suína, o que favorece a receita com as exportações.