O terraceamento tem sido cada vez mais utilizado na cafeicultura de montanha. A técnica permite que o agricultor substitua as operações manuais pela mecanização. Além de facilitar o manejo na lavoura, a técnica ajuda a reduzir o custo de produção.
Terminar a colheita no início de agosto era algo impensável para o produtor Carlos Roberto de Souza. Ele demorava em média cinco meses para colher os 33 hectares de café, em uma fazenda de São Sebastião do Grama, no sul de Minas Gerais. A maior parte da propriedade está localizada em áreas montanhosas, e a retirada do produto era manual, o que atrasava todo o processo.
“Antes eu colhia de maio a setembro, este ano eu espero terminar a colheita na próxima semana. Eu tinha nove funcionários fixos, hoje eu tenho seis e me sobra tempo para fazer mais trabalho”, diz Souza.
Uma das grandes dificuldades da cafeicultura de montanha é a mão de obra, que representa mais de 50% do custo de produção. Com a técnica do terraceamento, é possível mecanizar os tratos culturais, em alguns casos até a colheita.
Agora, a colheita de Souza é semimecanizada. Ele reduziu em um terço o custo com mão de obra na fazenda. A mudança só foi possível por conta do terraceamento.
A técnica reduz a declividade nas ruas de café em áreas acentuadas e facilita o acesso de máquinas e pessoas nas lavouras. Ela também evita que ocorra erosão e garante melhor aproveitamento da água. O empresário Wagner Alberto Figueiredo realiza o serviço há três anos e explica os níveis de terraceamento.
“São três: leve, médio e extremo. O leve possibilita a mecanização de tratos culturais e colheita em declividade menores. O terraceamento médio possibilita apenas os tratos culturais. O extremo é feito em área com maior declividade. Em muitas vezes, essas áreas já são agricultáveis, e a técnica melhora os trabalho manuais”, afirma Figueiredo.
A técnica pode ser aplicada antes ou depois da formação da lavoura. A máquina remove parte da terra e nivela as ruas entre os “talhões” de café. Após o serviço, o produtor deve permitir o crescimento do mato no local para cobrir o solo.
“O trabalho é bem compacto na própria linha de café, para não cortar além do que precisa. A dúvida do produtor é em relação à raiz. Na declividade a planta já busca melhor sustentação do lado de cima e também é o lado que o produtor aduba mais. E é justamente esse lado que eu vou aterrar a planta com toda matéria orgânica que eu tenho na superfície do solo”, diz Figueiredo.
Em outra fazenda, a técnica foi importante para aumentar a rentabilidade. O gerente agrícola Alexandre Magno Marchetti conta que no ano passado terraceou 40 hectares e este ano planeja manejar mais 25. Segundo ele, o rendimento do trabalho aumentou em 50%.
“Antes, quando não era terraceado, nós gastávamos um homem para fazer um hectare por dia de aplicação de defensivos. Hoje nas áreas terraceadas a gente consegue fazer dois hectares com um homem”, diz Marchetti.
Com o ganho de eficiência no manejo, o agricultor pode utilizar a mão de obra disponível em outros processos culturais.
“A colheita é o fator principal da propriedade, mas nós também temos lavouras que estão sendo preparadas para produzir na próxma safra e são necessários tratos culturais nessas áreas. Nós temos por exemplo entrada de doenças e mão de obra está envolvida com a colheita. Com o processo mecanizado ,a colheita é mais rápida e é possível direcionar melhor os trabalhos”, afirma Arivaldo de Moraes, técnico agrícola da Cooxupé.