Embrapa cria rede de viveiristas para ampliar oferta de novo capim-elefante; veja lista

Variedade capiaçu ultrapassa 5 metros de altura, gera muita biomassa e produz mais de 50 toneladas de matéria seca por ha/ano; faz tanto sucesso entres pecuaristas que há fila de espera para conseguir mudas e colmos

Fonte: Embrapa Gado de Leite

Uma nova cultivar de capim-elefante desenvolvida pela Embrapa tem despertado tanto interesse entre pecuaristas, sobretudo os de leite, que há até lista de espera em viveiros que fornecem mudas e colmos. A entidade informa que, toda semana, dezenas de produtores do país inteiro entram em contato em busca de informações sobre a gramínea.

Para tentar atender a um número maior de produtores, a Embrapa Gado de Leite criou uma rede de viveiristas para comercializar a novidade, batizada de BRS capiaçu. Por enquanto, são quatro viveiros credenciados (veja a lista mais abaixo): dois no estado de São Paulo, um no Rio Grande do Sul e outro em Minas Gerais. Em breve mais dois deles, um em Minas Gerais e outro em Alagoas, se juntarão ao grupo. “Com esses novos credenciamentos, acreditamos que iremos normalizar o fornecimento”, diz o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Samuel Oliveira.

Lançada em outubro do ano passado, a capiaçu foi obtida por meio do programa de melhoramento genético de capim-elefante da Embrapa. A cultivar é o resultado do cruzamento de variedades pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma de Capim-elefante (BAGCE), mantido pela Embrapa. “Tão logo ocorreu o lançamento, houve uma grande procura por mudas e colmos da gramínea e muitos produtores não conseguiram ser atendidos”, afirma Oliveira.

Capiaçu

O termo capiaçu, em tupi-guarani, significa capim grande – um nome bem apropriado a uma cultivar que pode ultrapassar cinco metros de altura. O resultado é alta produção de biomassa. “Essa é sua melhor característica”, afirma o pesquisador Mirton Morenz. 

De acordo com a Embrapa, a gramínea é indicada para cultivo de capineiras. No período da seca, pode ser fornecida para os animais picada verde no cocho ou como silagem. A cultivar produz cerca de 50 toneladas de matéria seca por hectare/ano, média de 30% a mais do que as gramíneas disponíveis. Entre as principais cultivares de capim-elefante, a capiaçu é também a que apresenta o maior teor de proteína .

Segundo Morenz, utilizar o capim verde é mais vantajoso por apresentar maior valor nutritivo. “Quando o capim é cortado aos cinque50 dias, chega a ter 10% de proteína bruta, índice superior ao da silagem de milho, com cerca de 7%”. O teor de proteína cai para 6,5%, com o corte aos 90 dias e para 5,5%, se cortado aos 110 dias. O processo de ensilagem também diminui a quantidade de proteína, que passa a ter um teor pouco acima de 5%.

A variedade representa uma alternativa para a produção de silagem de baixo custo, afirma o pesquisador Antônio Vander Pereira, que coordenou o desenvolvimento da cultivar.  “O que se gasta com a produção de silagem de capiaçu é três vezes menos comparado à silagem de milho ou de sorgo”, diz. O valor nutritivo é comparável à silagem das forrageiras tradicionais e superior ao da cana-de-açúcar.

Para atender aos requerimentos energéticos e proteicos do rebanho, tanto na silagem de milho quanto na de capiaçu, a suplementação concentrada é necessária, indicam as pesquisas da Embrapa. Comparando as duas silagens na alimentação de vacas em lactação, a silagem de capiaçu implica a necessidade de maior quantidade de concentrado na dieta. Mas, segundo Morenz, ainda assim, o seu uso é economicamente vantajoso, devido ao menor custo de produção.