A Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul começará o projeto piloto para evitar a entrada de aftosa no estado, especialmente na fronteira oeste do estado, ainda neste mês. Hoje, essa extensão territorial — cerca de 1,69 mil quilômetros —, é o que mais preocupa as autoridades. A iniciativa é parte do plano de antecipar a retirada da vacinação em território gaúcho, que está prevista, segundo o calendário do Ministério da Agricultura, para 2021.
De acordo com Grazziane Maciel Rigon, membro da coordenação do Programa de Combate a Febre Aftosa da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, a fronteira seca — como é conhecida uma divisão de territórios onde não existe rio, lago ou oceano separando mas apenas uma delimitação simbólica em terra — sempre é uma preocupação um pouco maior.
“Não só a questão do descaminho, do contrabando, mas pela preocupação de que os animais, que estejam soltos em alguma estrada, possam ter trânsito livre”, explica Grazziane.
Um estudo da secretaria apontou que as cidades gaúchas consideradas principais portas de entrada do vírus ficam justamente nessa fronteira. É por isso que o órgão elaborou um projeto que vai reforçar a vigilância de propriedades nessas regiões.
“Os nossos fiscais irão até às propriedades no sentido de procurar a doença, então, é realizar inspeção nos animais, olhar o rebanho, reunir uma ponta do gado, fazer exame clínico e fazer uma educação sanitária com o produtor”, afirma Grazziane.
O presidente do Fundo Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber, garante que o sistema não funciona se todos os elos da cadeia, inclusive o pecuarista, não se esforçarem.
“A maior responsabilidade é do setor produtivo. Nós é que temos que dar a resposta necessária para termos as condições de dar esse passo”, defende Kerber.
O Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio Grande do Sul (Simvet-RS) apoia a maior integração e treinamento entre Secretaria de Agricultura, inspetorias, polícias estadual e federal e até o exército.
João Junior, delegado do Simvet, diz que o ideal é que os agentes que guardam a fronteira tenham conhecimento de animais, marcas e brincos de identificação, pois “não é raro encontrarmos bovinos com brincos do Uruguai pastando no lado brasileiro, o que mostra como é frágil a nossa fronteira”, conta.
O sindicato também defende um efetivo de fiscais pelo menos 30% maior. No entanto, a secretaria de agricultura diz que o número de profissionais alocados na fronteira oeste é suficiente, mas que, muitas vezes, eles não conseguem estar em campo por falta profissionais na parte administrativa.
“É uma preocupação nossa essa questão de desburocratizar a parte do serviço veterinário, para que esses profissionais possam ir a campo”, afirma Grazziane.